CANTO DE FRASSINO

Os meus horizontes são de Vida e de Esperança !

Meu Diário
24/05/2008 18h55
MISSIVA DE FRASSINO A REAL

Caro e Real amigo!

É com todo o prazer que quero apresentar-me, agora propriamente, que me privilegiou com a possibilidade de estabelecer uma comunicação efectiva entre nós! 
Bem haja pela sua generosa e solidária simpatia. Digo solidária porque - e para já me rejubilo - não estranhou que tenha sido eu a colaborar empenhadamente na campanha de desagravo a Vieira ! Só abona efectivamente da grandeza e justeza humanista do seu carácter. Reitero o meu bem haja!
Primeiramente quero, com toda a sinceridade, felicitá-lo não só pelo seu belo ensaio sobre Eduardo Lourenço , mas também pela oportunidade de que usufruí de assistir durante estes colóquios à sua brilhante intervenção. Gostei sumamente da sua prelecção de ontem e, creia, fiquei não só muito mais enriquecido com os seus "itens basilares" acerca do pensamento filosófico de Eduardo Lourenço, como também tive oportunidade de rever alguns importantes conceitos da Ciência Filosófica, já que originariamente dela provenho, em primeira instância. Eu fui discípulo dos muito conhecidos escolástico/escotistas Costa Freitas, Carreira das Neves e José Enes, nos tempos áureos do lançamento da Católica, e dos Marxistas Borges Coelho, Barata Moura e Carlos Silva, da velha Clássica. Por aqui, se bem concorda, também me poderei identificar como suficiente "heterodoxo", ou não ? Poderemos discutir isto mais tarde, não acha ?
Caríssimo amigo, por mim, tenho estado desde os meus começos (Outubro de 79 ) ligado ao ensino, não de Filosofia ( como gostaria! ) mas da História, onde também sou licenciado. 
Paralelamente evolui noutras áreas, como no desporto ( atleta e treinador internacional ), na música ( como executante de órgão, pelas mãos de Sibertin Blanc ) e, como não podia deixar de ser, escritor/amador e, acima de tudo, poeta. 
Sou natural do norte de Portugal, da terra (semestre, Primavera-Verão) de Raul Brandão, tendo privado desde pequenino até aos meus vinte anos, com a viúva Maria Angelina, altura em que a ajudei a manuscrever pacientemente o que viria a ser a sua segunda obra literária: "UM CORAÇÃO E UMA VONTADE" - a sua primeira, como sabemos, foi (ainda em vida de Brandão) "PORTUGAL PEQUENINO". 
Por outro lado sofri as inevitáveis influências, como não podia deixar de ser, do vizinho e grande Teixeira de Pascoaes - meu patrono na Arte de ser Poeta - que chegou a privar entre os anos 30 e 50 nas duas mansões minhotas: a da Casa do Alto, de Raul Brandão, e a dos Machados, onde pontificavam os "cónegos" Elias, Benjamim Salgado e frei Mário Branco. 
Pois, como lhe disse ontem, eu desde miúdo, sempre escrevi e fiz poesia. Não sei se tem ou não qualidade. Como é óbvio - tal como todos os poetas, segundo todos confessam - escrevo bem ou menos bem, conforme as circunstâncias e a inspiração. Há quem goste de me ler ( para minha justificação prazenteira, confesso! ) e há quem não ache grande graça à minha poética...
Tenho sido uma vez por outra premiado, mais fora do meu país ( no Brasil, em Espanha e em Itália, do que cá.  E, confesso que, por vias da Internet nunca me preocupei ( não sei se para meu bem ou mal ?!) nunca me preocupei com as Editoras. Pois tenho muitíssima poesia publicada em Sites de muitos países, desde a Europa à América Latina.
Na capital faço parte da "TERTÚLIA POÉTICA AO ENCONTRO DE BOCAGE" , dirigida por América Miranda, com sede habitual e semanal no Teatro de D. Maria II e colaboro, como cantor e declamador, mensalmente, num espectáculo de variedades/dominante poética, com o mesmo nome. Tem lugar no primeiro sábado de cada mês, entre as 18 e as 20 horas, no Auditório Carlos Paredes, a Benfica.
Depois desta larga apresentação, cumpre pedir-lhe que gostaria de manter esta profícua comunicação com  a pessoa do meu amigo. Se me der, claro, essa honra...
Tomo  a liberdade de lhe enviar, em primeira mão, o poema que acabei de fazer esta madrugada e de o convidar a visitar os meus principais Sites oportunamente, conforme constam do cartão pessoal que lhe deixei. 
Apenas insiro alguns links, para facilitar a sua pesquisa. 
Com um forte e cordial abraço do poetAmigo sempre
Frassino Machado


Publicado por FRASSINO MACHADO em 24/05/2008 às 18h55
 
10/05/2008 15h47
A LÍNGUA PORTUGUESA EM TRAPOS DE POLÉ

Por


Vitorino Magalhães Godinho


 


Nota – O autor é figura cimeira da nossa Historiografia Nacional, autor de Obras fundamentais da Cultura Contemporânea, como História Económica e Social da Expansão Portuguesa , professor universitário jubilado com um raro currículo e Ministro da Educação e Cultura, logo após o 25 de Abril, o Dr. Vitorino Magalhães Godinho é frontalmente contra o «Acordo Ortográfico» - o de 1990, agora ratificado por Portugal, mas não só !


 


QUEM ME AVISA ...


 


- «O Português está a ser esfacelado pela bacoca anglicização do vocabulário e maneiras de dizer e pela preocupação tecnológica com uma linguagem própria sem base cultural» ;


 


-  «Que uma escola estrangeira estabelecida entre nós ofereça os Cursos na respectiva Língua, compreende-se e é um enriquecimento; que seja uma escola portuguesa a mascavar os seus Cursos em Inglês, por mais Shakespeariano que seja, é intolerável; e chega-se à humilhação de serem os estudantes estrangeiros a requererem que os Cursos sejam dados em Português – como é de toda a lógica!»


 


-  «A introdução de estrangeirismos justifica-se sempre que se trate de ideias ou realizações novas e não disponhamos de equivalente na nossa língua. Mas tem-se generalizado a adopção de aportuguesamentos de léxico estrangeiro quando dispomos de equivalente a dispensá-los, e num e noutro caso construímos formas atrabiliariamente, acabando por forjar vocábulos que ofendem o bom-senso e o bom-gosto»


 


- «Mas um tópico merece ainda ser abordado: os nomes geográficos. Está na moda aportuguesá-los, e já foi costume ir buscar a forma latina para dela tirar a designação actual. Esquece-se que os topónimos são nomes próprios, e como tal não devem ser alterados; certas formas reportam-se a épocas determinadas, por exemplo ao período romano – não há por isso razão para passar a escrever Oxónia em vez de Oxford, ou Lugduno por Lyon »


 


- «A nossa Língua tornou-se um futebol: anda tudo aos pontapés às palavras, sem acertar com as balizas».


 


- «A Cultura tem de ser rigor e exigência crítica, e não se constrói a democracia com bugigangas de pacotilha; o cidadão tem de educar-se para a dificuldade».


 


 


Do JORNAL DE LETRAS, N.º  978


 


Publicado por FRASSINO MACHADO em 10/05/2008 às 15h47
 
28/03/2008 19h45
«VIEIRA LUTADOR PIONEIRO DOS DIREITOS HUMANOS»

CONGRESSO INTERNACIONAL VIEIRINO

 

18 - 21 de Novembro
 

                                               Comunicação de:

                                                        Prof. Assis Machado

 

-  Resumo da Comunicação:

 

         A formação de base do Padre António Vieira, iniciada cerca dos quinze anos na cidade de São Salvador da Bahia, assenta estruturalmente numa dinâmica profundamente humanista e socio-política.

Basicamente a sua evolução sempre se pautou por uma visão abrangente dos problemas do mundo na qual ele projectava uma inalienável vontade de intervenção, no sentido da conquista das melhores soluções para a sua regeneração.

As qualidades da sua forte personalidade sempre lhe marcaram o evoluir das suas posições: a honradez, a pertinácia, a disciplina, a frontalidade e a resistência. O seu sentido de serviço a favor dos outros inculcou-se-lhe de uma forma genuína no seu temperamento espontâneo.

Jamais, mesmo em circunstâncias cruelmente adversas, virou a cara à luta, imensas vezes desigual. Genericamente nunca quis aproveitar-se da influência dos ricos e poderosos, antes pelo contrário. A sua prolífera inteligência e cultura, aliadas a um forte conhecimento do género humano, nomeadamente das classes privilegiadas, bastavam-lhe sempre como armas a favor dos mais nobres combates.

Se alguma vez recorreu a este método fazia-o frontalmente com um único desiderato: defender aqueles que na sua opinião mais eram perseguidos e explorados. Estavam neste campo os Índios, os Negros, os Judeus e Cristãos Novos, isto é, todos os explorados e injustiçados.

Podemos concluir, à luz dos aspectos referidos que toda a existência humana de António Vieira, comprovada pela experiência riquíssima de toda a sua acção social, política e ideológica, não esquecendo o largo património do seu espólio literário, fizeram dele incontestavelmente um dos primeiros lutadores pioneiros dos Direitos Humanos.

 

B -  Área Temática – “Pe. António Vieira e a Acção Política”

 

C -  Nota Biobibliográfica

   

         Biografia breve:

 

- Ano de 1623. É neste ano que Vieira se sente inclinado à vida religiosa  missionária e entra para a Companhia de Jesus;

- Em 1624 vai para a aldeia de S. João da Mata para aprender Línguas nativas;

- Em 1625 decide dedicar-se ao serviço dos Índios e dos Negros;

-  Em 1638, no cerco de S. Salvador pelos Holandeses, presta serviço cívico aos resistentes feridos e moribundos;

- Em 1643 propõe ao rei que sejam atraídos a Portugal todos os mercadores judeus exilados e dispersos pelos diversos países europeus;

- Em 1644, em Setembro, é nomeado Pregador Régio e os seus honorários destinados às Missões;

- Em 1646 é nomeado embaixador para a causa do Reino. Alia-se em Haia às Comunidades Hebraicas e manifesta-se a favor dos direitos dos Judeus em Portugal, contra a Inquisição;

- Em 1647 resume a D. João IV as principais razões que afligem os Cristãos Novos em Portugal;

- Em 1649, criada a Companhia Geral de Comércio do Brasil, consegue a isenção dos Cristãos Novos, mesmo contra a opinião da Companhia de Jesus;

- Em 1653, inicia uma actividade intensa de missionação, pelo interior do Brasil, falando já sete idiomas nativos;

- Em 1655, consegue a aprovação pelas Cortes do Regime dos Índios Livres;

- Em 1661 Vieira nega à Câmara do Pará entradas ao interior para fazer escravos, sendo expulso para Portugal por essa razão;

- Neste mesmo ano Vieira insiste com o rei D. Pedro II, para que se sobreponha à Inquisição no tocante à questão Judaica;

- Em 1674 são realizadas Cortes nas quais, por sua influência e empenho, tomam lugar os representantes dos Cristão Novos. Estes conseguem ver aprovado o direito a recurso contra o voto das Cortes;

- Em 1675 Vieira faz, pelo Reino de França, intensa campanha a favor dos Judeus e dos seus direitos de cidadania;

- 1690, apesar de fatigado e um pouco desiludido, Vieira ainda promove as Missões a favor dos Índios do Sertão da Bahia, com o lucro dos seus livros;

- Em 1694, perante a proposta paulista da transferência dos índios forros para a administração colonial, Vieira pronuncia-se vigorosamente a favor da “liberdade dos Índios”. A sua opinião acolhe o apoio da Corte de Portugal.

 

 Títulos relevantes:
 

            - António Vieira, CARTAS, Liv. Sá da Costa, 2.ª Ed., Lisboa 1997

            - António Vieira, Escritos Históricos e Políticos, Coord. de Alcir Pêcora, S. Paulo 1995

            - Hernâni Cidade, Pe. António Vieira, Editorial Presença, Lisboa 1985

            - J. Lúcio de Azevedo, História de António Vieira, Clássica Editora, 3.ª Ed., Lisboa 1992

            - J. Lúcio de Azevedo, História dos Cristãos-Novos Portugueses, Clássica Editora, 3.ª Ed., Lisboa 1989

  

-  Francisco de Assis Machado da Cunha

            Rua Pêro Vaz de Caminha, n.º 17 – 2º Fte

            Porto da Paiã

            1675-202 Pontinha

            machadofrassino@gmail.com

            214781231 / 938450578

            Externato Bartolomeu Dias – Sta. Iria de Azóia

 

-   Identificação :

n.º do Bilhete de Identidade – 1821560

n.º de Id. Fiscal – 114755124 

 

*

  

                                Francisco de Assis M. Cunha

                                Licenciado em Ciências Historico-Filosóficas

 

*


Publicado por FRASSINO MACHADO em 28/03/2008 às 19h45
 
05/02/2008 07h21
BOCAGE - PEDRA ANGULAR DA MODERNIDADE

 

 Quanto mais lemos Bocage – na sua plenitude poética – cada vez mais nos convencemos de que estamos na presença de um génio literário inconfundível. Não houve espaço do quotidiano social nem circunstância alguma temporal em que ele não tenha sido capaz de fazer a grande síntese existencial do ser humano. Estamos convencidos de que não houve senda nem tão pouco forma de vida possível que ele não tenha experimentado, muitas das vezes até à exaustão da dramaticidade,  Ele foi, sem dúvida, a charneira histórica entre a mentalidade do Antigo Regime e as novas horizontalidades do pensamento contemporâneo. Não é por acaso que grandes nomes da literatura e do pensamento histórico universal o têm considerado com genialidade como um dos pilares fundamentais da modernidade.

 
                                                                           Frassino Machado


Publicado por FRASSINO MACHADO em 05/02/2008 às 07h21
 
03/01/2008 20h10
A ARTE DE COMUNICAR OU ...

DOS SINAIS DE FOGO À INTERNET

Por
Frassino Machado


Uma das grandes faculdades que a inteligência humana mais e melhor utilizou nas relações com a Natureza e consigo própria foi a sua capacidade de Comunicação. De facto, ao longo de vários milhões de anos esta faculdade tem-se vindo a aperfeiçoar como resultante de dois factores primordiais: a melhoria dos instrumentos e domínio do fogo e, mais que isso, o evoluir da sua própria identidade. O primeiro destes factores conduziu-o à Técnica e o segundo ao mundo da Ciência e do Progresso.
Nos primórdios da sua existência, como ser vivo constituído, o primeiro dos hominídeos a ter necessidade de se comunicar com outros terá sido o homo faber. Este, na sua fase de vida primitiva – segundo testemunho científico de antropólogos, especializados em investigações paleolíticas – vivendo já enfeudado a uma hierarquia de clã e por imperativo de demarcação da fronteira do seu habitat, teria usado de uma espécie de jogo de rituais sonoros para assinalar a sua presença. Assim, quer através de grunhidos em distâncias curtas, ou através de sonoridades retiradas da fricção de pedaços de sílex ou mesmo de madeira, em distâncias mais alargadas, procurava comunicar com os seus pares os locais mais apropriados para procurar alimentos ou, então, avisar a presença na zona de animais indesejáveis. E, quanto mais estes rituais se tornavam rotineiros, mais o uso de instrumentos aperfeiçoados passou a ser determinante.
Mas irá ser por alturas da passagem do Paleolítico Médio para o Superior – por volta aproximadamente dos 150.000 anos antes da nossa era – que este hominídeo irá ser o protagonista da primeira revolução da Comunicação. O seu agente criador, no nosso entender, foi nada mais nada menos que o homo erectus. O que nos leva a formular esta tese assenta em dois factores que nos parecem óbvios. Em primeiro lugar, vendo-se confrontado na sua verticalidade – o que fez com que qualquer deslocação se tornasse mais eficiente e realizada em distâncias de grande dimensão – este hominídeo terá mesmo necessidade de utilizar uma sinalética adulta, de certo modo já inteligente, para sua sobrevivência e segurança. Ao tornar-se caçador de animais corpulentos e alimentícios ele necessitava de percorrer grandes distâncias. Tirando partido da sua bipedia e ao ver-se possuidor de um ângulo de visão mais alargado, passa não só a conhecer melhor a natureza que o rodeia como também melhora o seu sentido de orientação. A própria oponência do polegar da mão dos outros dedos vai-lhe permitir o manuseamento dos instrumentos mais rudimentares começando por descobrir neles uma forma prática de se fazer entender com os seus companheiros da mesma espécie. Assim, a visão mais o manuseamento vão acrescentar à voz humana uma amplitude consistente. Datam desta altura os primeiros instrumentos de som e de sopro de que há memória ( chifres e trombas de animais ) e, por analogia com estes, os primeiros instrumentos de percussão para os quais contribuíram não só o uso das peles dos animais caçados, como também o reparo de troncos de árvores carcomidas sobre os quais aplicavam as ditas peles. Todavia, ainda não será esta a verdadeira revolução na técnica e na arte de Comunicação. Na verdade, com o dealbar das grandes deslocações dos velhos bandos de hominídeos – os primeiros seres viventes intercontinentais, entre os 100.000 e os 40.000 anos – ir-se-á dar a grande revolução da arte de comunicar.
Será o aparecimento decisivo do fogo e do seu génio que irá facultar a grande mudança no evoluído género humano. Uso já esta expressão dado que o hominídeo responsável por esta revolução demonstra efectivamente uma elevada dose de inteligência : é na dominância do homo sapiens , aquele que tem já a faculdade do pensar, que se estabelece o verdadeiro fenómeno da Comunicação. Desde esta altura, o homo neanderthalensis, o mais aperfeiçoado dos seres vivos de então – quer através de sinais de fogo nocturnos quer através de sinais de fumo diurnos – irá desenvolver toda uma complexidade de sinaléticas que, estando longe, o aproxima cada vez mais. Simultaneamente o génio do fogo vai alcandorá-lo não só ao próprio domínio dos metais, ficando conhecedor das imensas possibilidades da arte do som, como permitirá elevá-lo, através de rituais mágicos, às primeiras manifestações e crenças religiosas. Esta segunda dimensão potencial, ligada aos mistérios da revelação do espírito, e do próprio desenvolvimento do cérebro humano, faz com que da Pre-história o género humano avance para a História.
E será, a partir desta altura, descoberta a magia e a arte de se fazer entender, quer por gestos quer por traços combinados e associados, que o homem entra na segunda fase da Comunicação: a Escrita. Entendamos escrita como forma de transmissão de ideias e de conceitos. Neste contexto, mais uma vez vão ser decisivos não só a função da mão e de um instrumento, mas também passa a assumir importância os materiais que vão sendo descobertos para corporizar, na prática, as possibilidades formais de comunicar: o uso da argila, a invenção do estilete, o papiro e o câlamo, etc. Todos estes elementos associados ( as técnicas ) e a invenção de códigos de entendimento ( resultante da maturação do cérebro e da mente consolidados ) consubstanciarão a possibilidade da transmissão da fala.
Com certeza que a fala do homem, aperfeiçoada, associada e personificada pela escrita, será o primeiro grande sucesso para vencer distâncias. O homem já não precisa de se deslocar. Quem passará a deslocar-se será a sua fala, através da mensagem. Aqui, os caminhos que se lhe deparam são variadíssimos. Desde os primitivos estafetas, a pé ou a cavalo, até aos animais voadores treinados para conduzirem pequenas mensagens, passando pelas primeiras carruagens de diligência, pela invenção das velas e aperfeiçoamento da arte de navegar, meios estes que lhe facultaram possibilidades até aí consideradas incontornáveis. O homem passou a ter assim a faculdade de comunicação cada vez mais aperfeiçoada.
Claro que, quanto mais o homem se foi tornando possuidor de técnicas e de instrumentos aperfeiçoados essa comunicação avançada foi-se tornando também cada vez mais uma realidade. Os próprios modelos de escrita – aperfeiçoamento dos símbolos, quer sob a forma de imagens, quer sob a forma de ideias ou até mesmo representação de sons – constituirão na sua essência a diferenciação histórica das primitivas culturas civilizacionais.
É evidente que, sem as grandes invenções como: a imprensa, as lunetas e o telescópio, o alfabeto morse e o telégrafo, os telefones e os microscópios, a rádio e a televisão, todas as artes imagéticas e os primeiros computadores e satélites, jamais teria o homem chegado à Internet que, em si mesma, constitui hoje em dia por excelência a verdadeira globalização da Comunicação.
Numa só afirmação poderemos sintetizar que o homem nunca esteve tão longe e tão perto, em simultâneo, e por isso mesmo a Arte de Comunicação é presentemente o verdadeiro campo de ensaio de qualquer aprendizagem e adestramento. Será pela Arte de Comunicar que o homem se tornará mais ele mesmo, naquilo que ele tem de virtualidade mas, também, não tenhamos a menor dúvida, poderá estar aí o início da sua própria destruição. Por isso mesmo, quanto a nós, só lhe resta um caminho: manter sempre vivo o aperfeiçoar da sua inteligência para que possa construir a cada passo os antídotos da sua sobrevivência mesma. Tal como na Pre-História ! 


Conferência e Debate  -   Biblioteca Camões


Publicado por FRASSINO MACHADO em 03/01/2008 às 20h10



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