A PADEIRA
“Trovas de Aljubarrota” (*)
Seis dedos em cada mão, Corpanzil a condizer, Pá do forno, pá do pão, Castelhanos para cozer. Brites, Brites de Almeida, D´ Aljubarrota heroína À laia duma nereida Com coragem genuína. Aljubarrota foi teu mar, Tua pá a tua espada, Arriscaste a vida a lutar, Todo o dia e madrugada. Ia alta essa Batalha E a vitória já sorria Renegando qualquer falha Regressaste à padaria. Para teu enorme espanto Achaste ali escondidos, Assolapados num canto, Sete soldados fugidos. - Daí jamais saireis, Ó velhacos da vida airada, Um bom fermento sereis Para a próxima fornada. - Castelhanos duma figa Levareis nesse toutiço E sereis – eu que vos diga – Uns belos pães com chouriço. Calaram-se já as trombetas, A batalha chegara ao fim Comezainas manifestas Como num lauto festim. Ó Brites dos sete costados Co´ a tua pá à maneira Cumpriste o maior dos fados Com audácia justiceira. Como tu, neste país, Teu exemplo no horizonte, Legaste a força e a raiz Para a Maria da Fonte. Castelhanos ou Cabrais, Que venha o diabo e escolha, Não os queremos jamais, Qu´ a tua pá não s´ encolha. Diria o poeta, com razão, “Certos homens, a meu ver, Quanto mais pequenos são Maiores querem parecer…” Venha, pois, daí, essa pá Pra castigar certa malta; Não há Aljubarrota, não há, Mas já está fazendo falta! Frassino Machado In ODIRONIAS (*) – Batalha de Aljubarrota, 14-08-1385
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 15/08/2024
|