(*)

A Ordem dos Frades Menores –
Distinta e Ilustre Agremiação –
Acolhe no seu seio com louvores
Alguns irmãos em celebração.

Celebração de um ideal
Inspirado no Poverello
Que foi de amor, manancial
Seráfico e coração singelo.

Oitocentos anos de história
Até hoje já estão passados,
Em obras de firme memória
E testemunhos confirmados.

Mas nem tudo têm sido rosas
Antes, porém, há mil espinhos
Com certas chagas dolorosas
A pôr em causa os pergaminhos.

Foram muitas as fraternidades,
Os irmãos se multiplicaram,
Mas também as dificuldades
Pelo tempo se acrescentaram.

Todas as Casas e Conventos
Eram alfobres de irmandade
Mas tem minguado o fermento
Sem substância e sem verdade.

Sinais dos tempos, alguns dirão,
E, se eram muitos os chamados
Por argumentos de vocação,
São já poucos os consagrados.

Foram imensos os conventos,
Em todos eles, frades às dezenas,
Mas, por inesperados ventos,
Há grupos minúsculos apenas.

Qual a razão desta sangria?
Qual a causa deste abandono?
Quanto a nós não há sintonia
Entre o ideal e o seu Patrono…  

A Ordem dos Frades Menores
Ou de São Francisco de Assis
Perdeu alguns dos seus valores
Ou descorou a sua Matriz.

OFM, alerta ou ocaso
Poder-se-á então perguntar?
Estará já fora de prazo
Ou tão só a depauperar?  

Alerta, apenas um ALERTA,
Queremos nós dizer também;
Há que agir de forma discreta
Numa atitude de Paz e Bem!

Frassino Machado
In INSTÂNCIAS DE MIM

(*) – Poema inspirado na entrevista de Frei Fernando Mota, ofm,
ao Correio da Manhã, de 24 – 12 – 2023.