CANTO DE FRASSINO

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Textos

A DESERDADA
“A travessia do deserto”

Sim, és tu mesma ó Poesia
Aquela Diva respeitada,
Coração repleto de magia
E, agora, só e deserdada.

Já foste rainha imperatriz
E das palavras moradia,
Hoje abandonada e infeliz
És tudo, menos poesia.

As palavras, à tua roda,
Volteiam ao longe e ao perto
E dão tristeza à alma toda,
Qual travessia do deserto.

A tua lira trabalha em vão
Co´ as palavras sempre vazias,
Esmorecendo a tua paixão
Dão aos poetas mil arrelias.

Poetas? Onde estão os poetas,
Aqueles poetas d´ antigamente?
Quer por curvas ou linhas rectas
Ninguém os vê, ninguém os sente…

Poemas? Onde estão os poemas,
Aqueles poemas d´ encantamento?
Fracos discursos, fracos temas,
Poemas sem massa nem fermento.

Os versos? Onde estão os versos
Aqueles versos com sentido?
Tristes gestos, traços dispersos
De rosto mascarado e fingido.

Ó Poesia, quem te deserdou
Dos teus encantos e tua arte?
Quem ao teu canto e ritmo tirou,
As emoções que de ti eram parte?

Ó Musas, por onde é que andais
E onde pára a vossa inspiração?
Será que no Parnaso não morais?
Onde é, pois, a vossa habitação?

Poesia, és deserdada ou desvalida?
Onde estão os teus combatentes,
Aqueles combatentes cuja vida
Era forte em todas as frentes?

Frassino Machado
In “Corações Ansiosos”
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 15/04/2023
Alterado em 15/04/2023


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