O Sistema que fruímos
É apenas libertário
Já que todos nos servimos
Do mesmo receituário.

Receituário só quem quer
E ninguém tem devaneio
Seja homem ou mulher
Todos gostam do alheio.

Em qualquer ocasião
Nunca há impedimentos
A justiça não tem mão
E outorga benzimentos.

Se um dolo é insignificante
Aqui d’ el rei qu’ há gatunos
Mas se for estimulante
Cai na graça dos tribunos.

Neste País venturoso
Não se vê graça em ninguém
Mas o que é mais gostoso
São as “pessoas de bem”.

Se não fosse esta verdade
No sistema libertário
Não haveria liberdade,
Estaria tudo ao contrário.

Alertai-vos cidadãos
Destas tristes realidades
Tomai o arado nas mãos
E afastai banalidades.

Não há bem que nunca acabe
Nem há mal que sempre dure
A Crise vai, quem não sabe,
E o diabo que a ature.

Assim vai um tal Sistema
Destes encantos tamanhos
Mudará, por nossa pena,
Para outro com mais ganhos.

Há-de vir sorte e vintém,
A Europa já prometeu,
Afinal tudo vai bem
E o bom do burro sou eu…

Na Europa é que é bom,
Com salários e mordomias.
Neste país, sem tom nem som,
Só chatices e arrelias...

Deputados, somos nós
No concerto das nações,
Importa elevar a voz
Com bitaites e opiniões.

Quem tem culpa? – eis o dilema –
O povo chora a carpir,
Morre solteiro o Sistema
Sem ninguém pra lh’ acudir!

Frassino Machado

In ODIRONIAS