Descobri um pássaro fechado
Angustiado e em cativeiro,
Num tubo escuro e alongado
Onde ficaria o dia inteiro.

Que estranha é a natureza
Em seu destino emaranhado,
Num dia de sol e de beleza
Descobri um pássaro fechado.

Este pássaro tão pequeno
Com asas de aventureiro
Achou-se num ruim terreno
Angustiado e em cativeiro.

Piando, todo ele em desespero,
Perante o seu triste enfado
Sumiu, sem nenhum exagero,
Num tubo escuro e alongado.

Nenhum voo poderia fazer
Que fosse mesmo verdadeiro
Estar preso sem o merecer…
Onde ficaria o dia inteiro.

Coitado do triste passarinho,
Que jamais teria salvação,
Se não fosse um tal forminho
Que, por acaso, eu tinha à mão.

Abri do tubo o seu postigo
E, ó grande milagre sem par,
O pássaro fugiu do perigo
E foi para a rua a voar.

Esta vida é mesmo uma dança
Entre o qu´ é bem e o qu´ é mal
E não há nenhuma esperança
De construir um Sonho real…

Mas é, neste mar de agruras
E de contradições também,
Que se louvam as criaturas
Desejando-lhes paz e bem.

Todos merecem a salvação
Em cada aldeia ou cidade,
Todos somos irmãos em união
E dignos da santa Liberdade!

Frassino Machado
In “Os Filhos da Esperança”