O CONCRETISTA
É isto poesia Concreta?
Não, mas é sempre discreta, Sem nunca ser abjecta Porém, todavia, directa. Numa ampla linha recta Toda a letra sai preta Pela ponta da caneta, Veja-se nesta faceta. Ele há cola na gaveta Para se pôr na maleta, Que belo está o planeta Onde voa a borboleta. Em asa delta o poeta Sai pela porta aberta, Se mostrar a silhueta Dá jeito numa opereta… É concreta, é concreta, Dizem ser poesia-treta Pois não passa de vedeta… E é tudo menos correcta. Olha, e bem, a pirueta Que o poeta faz à letra: Agarre-se já à corneta E não caia na sarjeta… Não é poesia, é selecta À laia duma vendeta, Com ela ninguém se meta Qu´ o vulgo logo a enjeita… Palavra, quando inquieta Tirada de vil colheita, Concretismo? Desta feita A própria Arte infecta! O “concretista” vai à meta Pensando qu´ é uma seta Mas nunca se livra desta Qu´ a Arte não dá cheta! Frassino Machado In ODIRONIAS
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 17/10/2021
Alterado em 17/10/2021 |