AVULSO 08
«Uma ROSA em Cabul»
Foi há vinte anos que eu nasci Por entre rosas e papoilas E em plena liberdade cresci Tornando-me, como sempre me vi, Numa das mais belas moçoilas. Deram-me o nome de Alaphé, Que quer dizer «Da Liberdade», E hoje sou Rosa, assim é que é, Como eu mais nenhuma se vê Seja de muita ou de pouca idade. Sou Rosa de faces rosadas Com uns olhos negros brilhantes Trazendo luz às madrugadas; Estranho o que vejo nas estradas Sem me lembrar como era dantes. Sempre vivi em sobressalto Neste meu país de mil cores, Todos sonham tomá-lo d´ assalto, Agora quero gritar, bem alto: Venha a paz, acabem os horrores. Não sei a causa desta guerra, Ou melhor, será a ambição De colher as riquezas da terra Que, no seu coração, encerra Um excesso de exploração. Minha mãe sempre me ensinou Que a terra é para se amar E colher dela o que se semeou Mas também ela m´ alertou: Pra bem colher há que preparar. Eu fui crescendo, e me preparei Tanto por dentro como por fora, E no meu roseiral semeei O que, entre tudo, sempre gostei: Ser livre e muito mais agora! Moro em Cabul, num belo canteiro, Só há papoilas na minha aldeia, Um roseiral é mais verdadeiro Pois, nele, eu canto o dia inteiro Pra sublimar quem nos guerreia. Quem nos guerreia não sei quem são Meus olhos tristes não têm medo Toda a minha grande paixão É ser livre de alma e coração, Que é para mim, o maior segredo. Rosa d´ Afeganistão e de Cabul Sempre fui e sempre serei Acabe a guerra de norte a sul; Que o nosso Céu se torne azul E, finalmente, que vença a Grei! Frassino Machado In INSTÂNCIAS DE MIM
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 17/08/2021
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