“Acerca do S. João em Belém” (*)

Pois é, minha distinta amiga,
Eu concordo plenamente:
Em Belém, se quer que lhe diga,
São João seria um Lente…

Seria um Lente, muito mais,
Até aí nada de novo:
O bom milho é prós Maiorais
E o restante é para o povo!

Naquele Palácio por certo,
Com um forte São João,
Não haveria Chico-esperto
Qu´ ao povo deitasse a mão!  

Uns tantos, gozam o prato
Apelando prás veleidades,
E outros só enchem o saco
Armados em celebridades.

Em São Bento, deu no mesmo,
Todos eles tão democratas,
Com mordomias a esmo
Sempre prontos a vira-latas.

Não queiramos devaneios
Com reles mangas d´ alpaca,
Nestes tempos muito feios
Curemo-nos desta ressaca…

Com´ ó Tó Silva eu diria
Todo cheio de desvelo:
- Ó rapaz, nada de azia,
Traz-me lá uma “castelo”!  

O S. João lá meteu água
E nada havia para fazer,
Fora, pois, com toda a mágoa
Qu´ a Selecção está a arder!

Saiu um Hazar da cartola,
Naquele ervado madrasto:
Fez magia metendo a Bola
E a “Portuga” ficou de rasto!  

Lá se foi este Europeu
Das nacionais emoções,
Todo o Povo s´ entristeceu
Por não sermos Campeões!

Sto. António, um ar que lhe deu,
S. Pedro, não é de confiar,
A Selecção emurcheceu
E não deu o que tinha a dar!

Na pior, estamos nós todos
Mas teremos qu´ aguentar
Umas "aguinhas" a rodos
Qu´ a ressaca há-de passar.  

Frassino Machado
In ODIRONIAS

(*) – Resposta a uma “amiga de Peniche”
Acerca dos azares dos portugueses nos últimos
Tempos.