«Parafraseando Santo António»

Meu Santo amigo, tão humano e confidente,
Quer sejas tu desta Lisboa, ou até de Pádua,
Foste, na oratória, distinto e refulgente
Com palavras tão claras, como clara água…

E pregaste-o sempre de forma convincente,
Por palavras que removiam qualquer mágoa,
Ornadas d´ obras que, lançando a semente,
Faziam da tua língua uma dura frágua…

Por ti falava o Santo Espírito co´ eloquência,
Reforçando o teu “logos” p´ lo exemplo da acção,
Humildade, pobreza, paciência e obediência
Qu´ em sua prática, eram de Cristo exaltação.

Tua linguagem era viva e, sem sobras,
Deixava sempre tudo dito e abençoado:
“Calem-se todas as palavras, falem as obras”
Princípio d´ ouro que foi por ti apregoado…

“De vãs palavras estamos cheios; d´ obras, vazios!”
Tu o disseste, mas o mundo tem-no por regra.
Desta feita, para que não haja mais desvarios,
Convém que o pregador faça aquilo que prega!

Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA