O INFERNO DE ODEMIRA
“Os escravos do Séc. XXI”
- O que é que se passa aqui, quem são vocês? - Trouxeram-nos para cá, creio que para trabalhar… - Ah…, mas aonde? Que trabalho vos estão a dar? - Andamos aí numas colheitas esquisitas, vês? - Que colheitas são essas? Que produtos, desta vez? - Azeitonas, tomates, framboesas… é o qu´ está a dar… - Ah, sim? Então, isto aqui, é para pernoitar? - Vêm cá as carrinhas e levam aos dois e aos três. - São longe esses terrenos? E se não quiserem ir? - Ainda são. Se não quisermos ir, não recebemos E a isso – se querem saber – ninguém pode fugir… - Recebem ao dia ou à semana? – Mais ao menos!… - E estes contentores, dão mesmo para dormir? - Oh, não são grande coisa, mas é a casa que temos! – Trabalhar ou não trabalhar, receber ou não receber, (Eis a trivial questão que dá a ideia dum inferno… É este o lamentável processo hodierno…). - E se, entretanto, algum de vocês adoecer? - Ninguém aqui adoece e, se a vida é um braseiro, Odemira, entretanto, é o nosso mealheiro! Frassino Machado In ODIRONIAS
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 05/05/2021
Alterado em 05/05/2021 |