TROVAS À VIRGEM MORENA
«N. ª Senhora de Guadalupe»
Eu, Juan Diego quero cantar, Contrito e de alma serena E também para me alegrar, Estas trovas à Virgem Morena. Na colina de Guadalupe Por entre mil rosas douradas, Cheio de tosse e de crupe, Ouvi de uma Virgem as falas. Escutei esta Virgem Morena “Juanito, Juan Diego, Acalma-te, não tenhas pena E atenta bem este Segredo: Vai à Cidade dizer ao Bispo Qu´ este mundo vai muito mal, E se ninguém põe cobro a isto Habitar nele já nada vale. Quero que construam um Templo Aqui, neste mesmo lugar, E é só ele que pode fazê-lo Pois que tem riqueza sem par.” Ouvi tão estranha mensagem Daquela Donzela morena; Todavia, eu lá fui de viagem Andando lesto em tarde amena. O Bispo não me quis ouvir Ou, então, não me entendeu… Mandou-me, do Palácio, sair E eu, sem saber, pro que me deu? Ademais, meu tio caiu enfermo E eu não sabia o que fazer… A sua febre não tinha termo Correndo o risco de morrer. Regressei ao alto da Colina Pra continuar a trabalheira… Mas a mesma voz cristalina Ouvi-a de novo à minha beira: “Juan Diego, ó Juanito, Como te deixaste abater, Pois ao ouvires do Bispo o grito Ficaste, logo, todo a tremer… Olha, vai de novo à Cidade E insiste co´ aquele insolente Qu´ esta mensagem é Verdade Para louvor de toda a gente. Eu quero um Templo grandioso No qual Deus seja adorado E, nele, meu Nome glorioso Para sempre seja louvado!” Mais uma vez eu lá parti Pra falar ao Bispo de novo. Queria provas! Logo percebi Pois qu´ eu era filho do povo… Queria provas, com certeza – Só aos ricos é qu´ eles dão fé – Quem tem a culpa é a pobreza E esta miséria que o povo é. À Virgem me fui lamentar Do que estava a acontecer: - Mãe Santa, não posso acreditar, Qual será agora o meu dever? Por “filho” a Virgem me tratou Com palavras bem carinhosas E de novo ao Bispo me mandou Com uma grande abada de rosas. Abri a capa à sua frente, O Bispo viu e ficou espantado: - São rosas, o camponês não mente, Vamos àquele Chão sagrado! - Milagre, o nome de Deus é santo, Disse meu tio Bernardino, Que ficou curado por encanto Da doença e do desatino. Maior espanto aconteceu Quando viram na capa gravado O rosto da Virgem com o véu De um Azul celeste estrelado. Perante milagre tamanho Que todo o mundo comprovou Mais nenhum empecilho estranho Da Virgem a Vontade travou. O bom Destino sempre ordena: Grande Templo foi construído Em honra da Virgem Morena Por quem eu, Diego, estou rendido. (E por cada Ano que passa Milhares e milhares de peregrinos Em Guadalupe buscam a Graça Cantando mil Trovas e Hinos!) Frassino Machado In TROVAS DO QUOTIDIANO Nota: «Nossa Senhora de Guadalupe», a maior festa Mariana, celebrada a 12 de dezembro, desde o Século XVI.
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 13/12/2020
Alterado em 13/12/2020 |