O PIRATA CONTRATADO 01
Antes havia piratas “de perna de pau”
E toda a gente dizia que eram sanguinários, Hoje – que não se sabe o que é bom nem mau – Há-os por aí em horizontes bem ordinários. Há piratas que o são – e logo de pequeno – Aos quais toda a gente acha muita graça, Tornando-se mais tarde sacos de veneno Pondo a sua vida, e a dos outros, em devassa. Mas há aqueles que são piratas fingidores – Que aparentam ter competência, mas são logro; Fingem, a toda a hora, virtudes e valores E tratam da sua vida como que de um jogo. Entre eles há sempre um que é assaz mais esperto, Que consegue fazer crer que cumpre uma missão Revelando um critério moral e mui concreto: Banir do seu país a injustiça e a corrupção! Eis! Deixou de ser pirata e é logo contratado Por “entidades fantasmas” que lhe dão ousio; Passando a ser corsário, como os do passado, É um bónus da Justiça que fica ao desvario! A Lei consagra esse tal facto como ilegal – Assunto qu´ é, ao fim e ao cabo, de pouca monta Pois, como vai ser julgado, o processo é natural: Importa a colaboração, e isso é que conta… Outrossim fosse, esse, o mesmo argumento A aplicar a qualquer dos nossos cidadãos: A Lei, bem aplicada, é como um mandamento E a divinal Justiça lavaria daí as mãos. Ser pirata, corsário, ou mesmo funcionário, São bagatelas que andam, nesta terra, a esmo Enriquecendo currículo e prestígio ordinário E, para a Democracia, vira o disco e toca o mesmo! Frassino Machado In ODIRONIAS
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 12/08/2020
Alterado em 12/08/2020 |