BALADA DA EMIGRAÇÃO
“À Catarina Salgueiro Maia”
Do meu País eu me apartei Ao clarear da madrugada E nas asas do Sonho busquei A minha vida melhorada. Não foi fácil a decisão E parti um pouco à deriva, Como não sou de dizer não Fiz uma aposta decisiva. Meu país nunca me ajudou A criar um projecto seguro E logo de mim se apossou Um receio do meu futuro. Porém, não estava sozinha, Eu tinha dois filhos nos braços, E a ideia que da alma me vinha Era livrar-me de embaraços. Nada para mim era segredo, Co´a ajuda do meu companheiro Agarrei-me ao trabalho sem medo Esforçando-me o dia inteiro. Lá longe, no seio da Europa Cruzei-me com mais camaradas E, laborando de vento-em-popa, Ganhei vida em pequenos-nadas. Eu fui servente em mil cafés E, até, dama de companhia, Corri mil sítios de lés-a-lés Em toda e qualquer serventia. Apesar dos estudos que tinha Não receei qualquer profissão, Ganhar a vida é que convinha Dedicando-me com prontidão. Sei bem que há gente complicada, Sempre embrulhada em quezília, E, como não volto a cara a nada, É bom para mim e minha família. Apesar de eu não ser rica Vou ganhando o que preciso, Ajudo os outros, e bem me fica Sem que me perca em prejuízo. Se volto um dia ao meu país? Olhem, talvez sim, talvez não, Cá dentro de mim algo me diz Que um dia virá outra paixão! Eu sinto-me qual andorinha Que volta sempre com saudade, Quero seguir minha estrelinha Sempre ao calor da liberdade! Frassino Machado In OS FILHOS DA ESPERANÇA
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 27/04/2020
Alterado em 27/04/2020 |