OS FAMIGERADOS DINHEIROS
- Ai Iscariotes, Iscariotes,
Agora, depois do mal feito, Vens aqui aos sacerdotes Dizer que não há direito… - Devias ter pensado antes No resultado que dava: De ti, entre tantos figurantes, Tudo isto já se esperava… - E pois – já que aconteceu – Vai-te daqui-para-fora, Co´ a tua bolsa e chapéu. Está na hora, fora, fora! E Judas, desesperado, Já nada mais atentou E ao dinheiro amaldiçoado Para o Templo arremessou. Uma forte gargalhada Ecoou, daqueles fariseus E, em menos de um nada, Bradaram para os céus: - Ó Falstaff, ó da Praça, Que andas aí feito galdério, Faz já um contrato de raça Destinado a um cemitério… - Trinta dinheiros sobejam Pra comprar um descampado Uns bons lucros se almejam Num Campo Santo ajeitado… - Há boato que o Iscariote Foi visto num descampado Com um forte laçarote, Numa figueira pendurado. - Ai é? Ainda bem que o fez Pois co´ a sobra do dinheiro Já fica marcada a vez Para ser ele o primeiro… E assim aquele traidor Que o bom Jesus negociou Sendo enterrado, à maior, O cemitério inaugurou. É este o preço da traição, Em todo e qualquer equinócio: Há sempre uma solução Para lucrativo negócio. Tais famigerados dinheiros, Envoltos em maledicência, Transformam agiotas banqueiros Em monstros sem consciência! Frassino Machado In AO CORRER DA PENA
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 01/04/2020
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