MÉCIA, A DUQUESA DE SANTA BÁRBARA
“Ode para Mécia de Sena”
"Por entre as procelas mais díspares Que se podem imaginar E todas as polémicas inconcebíveis, Com que o meu marido Teve sempre de se confrontar, Eu consegui de forma consistente - Talvez por obra e graça do Altíssimo – Lançar as águas na fervura... Foi essa a minha batalha da paz!" Eis, caríssima amiga, as palavras Que um dia me disseste, No nobre solar da Gulbenkian À pergunta que indiscretamente Tive a ousadia de te endereçar: - Como se processou, no dia-a-dia, O teu relacionamento com o génio Das controvérsias culturais, Como era Jorge de Sena? A resposta que deste consubstancia, De uma forma sábia e cabal, Toda a tua grandeza humanista! Tu passaste as passas, não do Algarve, Mas deste louco mundo de Cristo E tiveste, tantas vezes, de comer O pão que o diabo amassou Para alimentar condignamente A tua tão numerosíssima prole… Calcorreaste as amargas veredas, Aos quatro ventos de ceca em meca, As virulentas neuras ditatoriais Que mil vezes tiveste de enfrentar Sem, todavia, conseguires lograr Os proventos a que terias direito Mas nunca ninguém ousará cobrar Das eternas e ousadas teimosias Que foram a tua indelével imagem. Com sangue, suor e lágrimas, venceste. A Obra do teu ilustre e prodigioso consorte Também venceu! E a Poesia venceu… Venceu porque agitou taxativamente As turvas águas da Cultura Lusa, Desmistificando todos os horizontes Possíveis e imaginários… Sena & Mécia, Na braveza dos mares literários, Constituíram uma dupla imbatível. Por entre fogos de guerra e paz Tu foste a pomba da pacificação E sem ti, quem sabe, sucumbiria A odisseia poética do cálamo seniano. E, como a célebre duquesa bragantina, Ganhaste o direito em Santa Bárbara De seres, ainda que apenas, Duquesa Do único rei que tiveste em vida, Jorge de seu nome “O grande agitador”! Frassino Machado In RODA-VIVA POESIA
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 30/03/2020
|