LIVRE-ARBÍTRIO POÉTICO
“Partilha e criatividade do poema”
Que idade é que você acha que tem? Vinte, trinta, quarenta ou até mais, Ou está vivendo apenas por acaso? Sim, porque para lá dos cinquenta, Tudo aquilo que se vive é por acaso… Neste mundo poluído e conturbado, Neste mundo tão sem-eira-nem-beira, Passar além dos cinquenta já é bingo! Que idade é que você acha que tem? Você já pode saber aquilo que é certo, Distinguindo claramente o qu´ é errado Ou inda está na idade do assim e assim? Será qu´ inda olha para mais alguém Antes d´ assumir uma qualquer escolha? Já agora, por acaso, não usa espelho? E se desse por lá uma espreitadela? Que idade é que você acha que tem? Você está na idade de ter vergonha, Reconhecendo as suas limitações, Ou a vergonha se consumiu em si? Acha que poderá já enfrentar a vida Olhos nos olhos, tal e qual como ela é, Ou inda está na idade do entrar na onda, Na idade do Maria-vai-com-as-outras? Afinal, você é um rato ou um ser humano Você prefere o queijo ou sentir a vida? Ou você cai na ratoeira, ou n´armadilha Da ignóbil e estéril massificação – Dando o braço a torcer na hora da queda – Ou voa no vento livre do seu arbítrio, Na dignidade de não ter nada a temer Por saber que errare humanun est… Que idade é que você acha que tem? Você já sabe que não existe presente? Que o “sopro” desta linha já é passado E o futuro é o “apenas” que ainda não é? Você sabe que o “agora” não é real, Bem vistas as coisas, tal como elas são, O presente é a eternidade consumada Na aura do quanto melhor, melhor. Hoje sei, aqui e agora, quem eu sou, Hoje sei, taxativamente, minha idade, Sei o terreno que piso e seus meandros… Mas já fui um autómato como você. Felizmente, porém, eu me encontrei, Me encontrei ao vivo, e de corpo inteiro, Alma voadora, d´ asas brancas de sonho Na fresca e livre aragem do meu arbítrio! Partamos, então, no elo do fazer poético, Daquele fazer que todo o poeta sente: Palavra, verso, poema ou odisseia, Brisa coerente de potencial propício: A que sopra na mente e no coração Ou a que paira na onda das convenções? Todo o poeta encontra nas palavras A fiel medida de tudo o que procura… Todo o poeta encontra em cada verso Exactamente aquilo que sonhou; Todo o poeta cinzela o seu poema Na bigorna das suas emoções; Todo o poeta leveda a sua odisseia No fermento dos seus sentidos-mar, Impávido e sereno nas procelas Que seus fantasmas possam agitar. Sua alma é um pendão de liberdade: Quando pensa, quando sente e recria Co´ as palavras, co´ os versos e poemas, Co´ as suas circunstâncias de aventura, Co´ os seus erros e dúvidas e acertos, Co´ as lições óbvias ao correr das águas Reveladas no seu mais amplo horizonte Que foi, que é e que será ELE mesmo! Frassino Machado In INSTÂNCIAS DE MIM
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 09/02/2020
Alterado em 09/02/2020 |