“À Sombra de Davos 2020/2023” (*)

- Vocês não viram «Nada», ainda!
Eis o grito de “espanta-pardais”
Duma repercussão infinda
Naquelas mentes de Maiorais.

Ecoa p´ las altas vertentes,
Em panorâmica branca e linda,
Este grito cavo nas mentes:
- Vocês não viram «Nada», ainda!

Perante a ameaça climática
De estranhos e negros sinais
Soando, qual trombeta enigmática,
Eis o grito de “espanta-pardais”.

Deram-lhe o nome de “pirralha”
A esta adolescente bem-vinda,
É a sua voz, como navalha
Duma repercussão infinda.

Tratando-os a eles de ceguinhos
Fez um libelo que atraca ao cais
Cravando incómodos espinhos
Naquelas mentes de Maiorais.

- Abram os olhos, deixem o lucro,
Privilegiem a Humanidade,
Tenham p´ ra a Vida jus e foco
E pro bem-comum idoneidade!

“Ai é? Oh Pirralha, Pirralha!
Falas bem, mas não nos alegras,
Nós não somos dessa batalha
E tu própria, fica-te co´ as regras!

- Quem assim fala é de aprendiz…
Lembremo-nos de frei Tomás:
Não olhem para o qu´ ela diz
Mas, porém, para o qu´ ela faz!”  

Dom Mefistófeles assim falou
Tentando abafar a Pirralha,
Na Sombra qu´ em Davos ficou,
Num destino que a todos calha.

- Ó Davos, para que te quero?
Não passas de “feira de vaidades”,
De ostentação és um desespero:
Pra quando a Hora das Trindades?

(*) – Dois mil e vinte… Estas, as Trovas.
Três anos e o disco e toca o mesmo:
Iguais as mentes… Não há ideias Novas
E os Males do Mundo são a Esmo.  

A Pirralha, essa, tem razão:
O Poder corrompe-se e é eterno
E os Maiorais – queiram ou não –
São alvos para um rude Inferno!

Um rude Inferno de taras hostis
Co´ a Mãe-Terra morrendo aos poucos:
Taras humanas já viraram fósseis
E os seus usuários ficaram loucos…  

- Deixai à Terra o que é da Terra
E não queirais ser predadores…
Eu fico-me co´ a minha guerra
Contra vossos brutais horrores!

Deixa que te chamem «Pirralha»,
É aquele mínimo que se deseja,
Tais predadores são a vil canalha
Que toda se morde por inveja!...  

Frassino Machado
In ODIRONIAS