SÁTIRA AO ANO VELHO 2019
Ai Ano Velho, Ano Velho
Que razões tens tu de sorrir? Vê lá se te vês ao espelho E, podes crer, hás-de carpir! Hás-de carpir, lágrimas verter Pelas promessas que juraste, Sendo pior o deve qu´ o haver E nada, mesmo nada, lucraste. Hás-de carpir por tudo o que vês: O mundo? Vai de mal a pior, A Humanidade? Estagnou – talvez – E tu? Perdeste todo o vigor… Sossego entre Nações? Esquece; Se há paz? Assobia pró lado; Se há miséria ou não? Entontece; Corrupção? Ficas envergonhado! Hás-de carpir, de manhã à noite: Violência? Pão nosso de cada dia; Roubos e mais roubos? É de açoite; Oportunismos? São em demasia… Hás-de carpir… porque estás cego: Especulação? Só a fingir; Repressão? Só pra quem é vesgo; Exploração? É caso pra fugir… As escolas? Nem é bom pensar; As oficinas? Essas, já foram; As fábricas? Cada vez mais a fechar; Os hipermercados? S´ alienaram… Hás-de carpir, a cada hora que passa: Em casa? Foi um ar que lhe deu; As famílias? É só desgraça; A educação? O combóio perdeu… Hás-de carpir, olha à tua volta: Partidos políticos? É só conversas; As repartições? Anda tudo à solta; Os governantes? Todos às avessas… O Parlamento? Feira de vaidades: Os deputados? Santa inoperância; Os tribunais? Escondem-se verdades; E o povo? Oh, santa ignorância… Hás-de carpir, olha a publicidade: Propaganda? Só banha da cobra; Os anúncios? Truques e falsidades; Redes sociais? Panaceias de sobra… Hás-de carpir, oh, e atenta bem: As igrejas? Não têm mãos a medir; Os interesses? Só o que convém; Os negócios? É só pedir, pedir; A saúde? Vai de vento-em-popa: Centros de saúde? É o que mais há; Hospitais? Vai o corpo, fica a roupa; Serviços públicos? São para amanhã… Hás-de carpir, o que vês pela rua? Drogas, pedintes e sem-abrigo; A pobreza? Da terra até à lua; Transportes? Tudo ao monte e castigo… Hás-de carpir, e sabes porquê? As hierarquias? Sim, mas só com luvas; Impunidade? Isso é o que mais se vê; E o respeito? Foi chão que deu uvas… Ai Ano Velho, Ano Velho Que razões tens tu de sorrir? Vê lá se te vês ao espelho E, podes crer, hás-de carpir! Frassino Machado In RODA-VIVA POESIA
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 31/12/2019
Alterado em 31/12/2019 |