«No Centenário de Sophia»

“O velho abutre é sábio
E alisa suas penas.
A podridão lhe agrada e seus discursos
Têm o dom de tornar as almas mais pequenas…”
De 'Livro Sexto', 1962

Este é o Mundo, este é o dia
Em que se revela a salvação,
Este é o Dia de Sophia
Rio bravo, manso coração.

Paira no deambular das trevas
A esperteza da exploração
E naquelas almas indefesas
Abre-se a luz da mansidão.

Não só abutres, mas minotauros
O século sempre oferece,
Entre tempestades e náufragos
Há uma bóia pra quem o merece.  

Por labirintos insondáveis
Só com um fio redentor
Sophia & Ariadne suaves
São uma garantia d´ amor.

Discursos prenhes de alienação,
Mar de máscaras enganosas,
Bastam palavras de eleição
Pra que os espinhos sejam rosas.

- Na exiguidade d´ almas grandes
Em aurora de paz serena
Generosas e belas mensagens
Renasceram da tua pena…  

- Este é o teu Dia, ó Sophia –
Da navegação farol seguro –
És Luz radiante de Poesia
Num mar frondoso de futuro.

- Tu e Sena inseparáveis,
Em espantoso contraponto,
Sois os dois elos admiráveis
De uma Poesia de encontro!

Frassino Machado
In OS FILHOS DA ESPERANÇA