O CAÇADOR CIFRÃO
(A Guerra Junqueiro) (*)
Jaz a honra entrevada e moribunda Naquela Torre estranha e paciente… Rasga o temor discreto a onda funda Chora a cidade convulsivamente… Tagarela real, diz-me, quem passa? – É o príncipe Cifrão que anda à caça. As almas dobram por alguém finado… Morte perplexa, lastimoso pranto!... Sai das bolsas vazias triste fado, Fado farto d´enjoo e desencanto… Tagarela real, diz-me, quem passa? – É el-rei dom Cifrão que anda à caça. Cospe, o capital, apostas arriscadas Sobre a paisagem d´ Urbe a palpitar… Gritam nas almas raivas envenenadas, Erguem-se ríspidos braços a ameaçar!... Tagarela real, diz-me, quem passa? – É el-rei dom Cifrão que anda à caça. A Torre é torta! A autonomia é morta! Futuro negro sem sorte, sem vinténs! Ri o capital ganancioso à porta Guarda a vergonha a miséria dos bens! Tagarela real, diz-me, quem passa? – É el-rei dom Cifrão que anda à caça. Tiro à distância em procela fugaz! Ciranda a turba numa confusão… Soa a Internacional um clarim audaz… Desaba a Torre em ríspida implosão! Tagarela real, diz-me, quem passa? – É o Agente da luva negra à caça Do caçador Cifrão!... Frassino Machado In ODIRONIAS (*) – À memória do vianense prédio Coutinho
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 20/07/2019
Alterado em 20/07/2019 |