TROVAS DA AFLIÇÃO
“Em dia de São Pedro”
De Betsaida, ó grande Pedro Da Galileia do mar em fúria, Da procela não tenhas medo Nem desta mundana balbúrdia. Larga os temores que t´ enredam Não temas nem te acabrunhes Toma estas Chaves, se não te pesam, Para que com elas te desunhes. Ai Pedro, ai Pedro Simão, Não há pesca, mas há tempestades, Agarra aqui esta minha mão E toma nota destas Verdades. O mundo é pior do qu´ este mar, Não há barco que aguente, Já mete água e está-se a afundar Para aflição de tanta gente. Quanto à pesca é o que se vê: Todos se queixam das más redes Pois que ninguém pesca, nem tem fé E as suas convicções são reles… Quando pescam, os peixes melhores Vão para a mesa dos ricaços, Para a mesa dos pobres, os piores, Ou, então, uns míseros pedaços. O mar da vida é um mar sem fundo Com lamentável poluição; Vale de lágrimas está o mundo E todos temem a maldição. Tu, Pedro, deixa-te de conversas Agarra as Chaves que te dei Abre as portas e as promessas Que estão escritas na minha Lei. Tu já foste em vida pescador Deste mar, que é assaz pequeno, E sê marinheiro de um mar maior Às vezes bravio, às vezes sereno… No mar bravio cantam sereias, No mar sereno brilha uma Luz Assume a tua fé sem peias Sou o teu Mestre, o teu Jesus. Tem cuidado com os serviçais E ensina-lhes a minha Voz Para que conheçam os sinais Deste mundo que é bem atroz. E se vires que há nevoeiro Que embarace a tua visão Vai à proa como timoneiro Na mais segura direcção. Eu já esqueci que me negaste Dizendo, que não Me conhecias, Logo depois, porém, emendaste E assumiste as profecias. Toma a Cruz que eu carreguei, Ou direita ou mesmo invertida, Ama teus irmãos, como te amei, E dá por todos eles a tua vida. De pescador tornar-te-ás pastor Deste tão numeroso rebanho Condu-lo com todo o labor Pro meu Reino, qu´ é tamanho. E se houver ovelhas perdidas Guarda o rebanho no aprisco E aconselha as sábias medidas Para o teu sucessor Francisco. Andam por aí grupos dispersos, Não sei se com boa intenção… Se cobram ouro são perversos Pois aproveitam-se da aflição… Minha Mensagem, p´ lo contrário, Mora dentro dos corações; O triste mundo é um rosário De espinhosas aflições. Não são palavras nem dinheiro, Da minha Mensagem o cunho, É porém, e de corpo inteiro, O desprendido testemunho. Final das Quadras Populares? António e João, teus concorrentes, Já voltaram para os altares E tu estás em todas as frentes. Pedro Simão dos navegantes Estrela-do-mar, maresia, Gêpêésse dos caminhantes E de inspiração pra Poesia. O Céu não é longe nem perto E tem uma porta mui estreita Co´ as Chaves, Pedro, fá-lo aberto Para os que têm vida direita! Frassino Machado In TROVAS DO QUOTIDIANO
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 29/06/2019
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