FLORES DE SÃO JOÃO
“Trovas do Dia de São João”
Há festa rija pela Cidade Festa rija com martelinhos, Um São João de qualidade Já tem foros de pergaminhos. Ninguém dorme noite-pegada Passam farras e manjericos Alhos-porros pela madrugada Martelinhos em pobres e ricos. Há sardinhadas e pimentos Corre o tinto pelas gargantas Os amores não são ciumentos, De mão em mão até-às-tantas. Cantam-se fados assim-assim Com violas e pandeiretas Há cheirinhos de alecrim E brincadeiras irrequietas. Em cada bairro correm danças Com vaidades e gabarolices, Cantilenas, falinhas mansas, Atrevimentos e brejeirices… É assim na Cidade Invicta Festa de arromba e Tradição Toda a moral fica interdita No deixa-andar do São João. Martelinhos a dar-a-dar Em cabeludos ou carecas Vale tudo, porque é a brincar, Ninguém está preso a hipotecas. Andam foliões p´ la noite dentro Da Boavista aos Aliados E nas pontes a todo o momento Há foguetes acautelados. São sagrados os martelinhos Com aquelas cenas bizarras, Há bebedeiras e chicos fininhos Por entre gritos e algazarras. A vontade das gentes tripeiras, Que são avessas ao mistério, Seria mudar as brincadeiras Numas marteladas a sério... Curam-se neuras e depressões E as dores, no passar dos dias, Correndo no corpo as emoções Acabam-se logo as melancolias. E pra equilibrar a fraqueza Dando saúde ao coração Apanhe-se o fresco da natureza Nas orvalhadas de São João. Esta Festa não tem medida, Misto de sagrado e profano, Não há terra tão bem servida Como esta Cidade todo o ano. Castiços gestos e pormenores Ficam na memória da gente, Há mil milagres nestas flores E o São João mais que contente. Fazem muita falta os balões Proibidos p´ los pantomineiros Mas há cascatas e há paixões Nestes dias festivaleiros. Flores de São João são excesso Mas, quanto a saúde, lenitivo; São água-benta no processo Deste mundo, assaz primitivo. São João, não tenhas inveja Da concorrência qu´ alguém traga Tua cabeça numa bandeja Dá alegria às gentes de Braga. Manda-os a todos bugiar E não gastes mais paciência Tu precisas de descansar E eles que façam penitência. São folgazões, são folgazões, Mas não dispensam o Presidente E pra alimentar as ilusões Dão de beber a toda a gente. Há que equilibrar a festança Co´umas taxas moderadoras Tu, porém, não entres na dança Que este baile já está por horas… Qualquer festa, para ser Festa, Tem que dar bom lucro e dinheiro É o triste fadário que nos resta Nesta vida, p´ lo mundo inteiro. Quanto a mim, meu Santo bacano, Merecias umas trovas melhores Mas, como sabes, sou humano E, estes versos, são apenas flores! Frassino Machado In AS MINHAS ANDANÇAS
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 24/06/2019
Alterado em 24/06/2019 |