O ÓPIO INOCENTE
“Das Festas Populares”
Ai o ópio, ai o ópio, Ai daquele ópio venal, Desliza pela avenida Da inocente capital. Deslizam marchas sem freio Para animar o negócio Ninguém vê o que é feio Ai o ópio, ai o ópio. Peixe é o que vem à rede Que se serve ao natural Mata-se a fome e a sede Ai daquele ópio venal. Vaidade, tudo é vaidade Com bela emoção servida, Cada marcha da cidade Desliza pela avenida. Há sons e aromas no ar Numa desordem infernal Imagens que dão que falar Da inocente capital. Manjericos e sardinhas Dão cor e vida ao turismo, Estrangeiros e alfacinhas Mais que país é bairrismo. Foi dia de matrimónio, Quem havia de dizer, Um tal de Santo António Fez água na boca crescer. Marcharam ricos e pobres, Quase iguais na ambição, Marcharam bolsas de cobres E pozinhos de mão-em-mão… No corpo há gestos virais E há esp´ rança dentro do peito De cansaço não há sinais Nem memórias de respeito. Que o diga a Edilidade Com sorrisos protectores Tem afectos pra cada idade, E mil braçadas de flores. Com arcos e serpentinas, Manjericos de cabeleira, Minhas quadras repentinas Dão mais vida à brincadeira. Dizem-se “festas populares” Estas Festas de Lisboa Assemelham-se a avatares Ora certos, ora à toa. Não há festas sem poesia Nem bailes sem dançarinos Festas populares-fantasia Com corações libertinos. Esgotam-se as emoções, Amigos e familiares, Não há horas, só foliões Pois são festas populares. Nesta Cidade festiva Ninguém sabe quem é quem Ópio pelo corpo à deriva Inocência, como convém! Frassino Machado In AS MINHAS ANDANÇAS
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 13/06/2019
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