“A um amor destemperado”

Ó minha orquídea de fogo,
Meu amor destemperado,
Vem até mim logo, logo,
Por entre a balada e o fado.

S´ a vida para ti, madrasta
For um destino e um jogo  
Que ela não seja nefasta,
Ó minha orquídea de fogo.

Há momentos bons e maus
Convém escolher com agrado,
Atenta bem aos degraus
Meu amor destemperado.

Todos têm telhados de vidro
Cuidar deles é desafogo,
Fecha os ouvidos ao ruído
Vem até mim logo, logo.

Tu és a mais bela orquídea
Vais comigo pra todo o lado
Esquece o que há de perfídia
Por entre a balada e o fado.

Eu quero contigo cantar
E revestir-me de espanto
Todo o canto qu´ anda no ar
Enche-me a alma d´ encanto.

Os cantos da Natureza,
Neste amor destemperado,
São em si uma riqueza
E um tesouro abençoado.

Quem canta seu mal espanta
Diz o povo, e tem razão,
Cantar faz vida mais santa
E dá saúde ao coração!


Frassino Machado
In AO CORRER DA PENA