LENDAS POÉTICAS DA PÁSCOA
O4 – "LENDA DO PÃO-DE-LÓ”
- Coitadinho daquele Maneta, Derreado que mete dó! Exclamou dona Leonoreta, Ilustre senhora do Pão-de-ló. Depois de vencido em Vizela O Loison, temendo o Moreira, Andou fugido de terra em terra Um pouco sem eira nem beira. Acompanhado de dois magalas Foi dormir encostado à ermida, E ao São Bento deu duas falas Para que lhe salvasse a vida. O bom Santo o aconselhou, Naquela especial sexta-feira, A perdoar a quem não perdoou, Em primeiro lugar ao Moreira. - Vai-te prestes daqui embora, Vai, põe-te a caminho lampeiro E daqui a cerca duma hora Estarás à porta do Mosteiro! E assim lá escapou o Maneta Não voltando a fazer mais guerra. Com os seus pôs-se na alheta Para sossego dos da terra. E chegou Loison a Pombeiro Os frades abriram-lhe o portão Mas exigiram-lhe, ali, primeiro Que pedissem ao povo perdão. - Hoje é Sexta-Feira-Santa E vais carregar um madeiro. Antes que alguém pinte a manta, Darás uma volta a Pombeiro. O Loison partiu cheio de dor Com lágrimas e a falar só E à porta da tia Leonor Rogou fatia de pão-de-ló. Leonor, do Maneta teve pena, Perdoou-lhe o mal com bom modo E pro consolar da quarentena Deu-lhe a fatia e o bolo todo. - Mas… é com uma condição, E esta é a minha esperança, Vais fazer a divulgação Por todas as terras de França! - Dirás, cada dia, por todo o lado Que, em qualquer que seja a lide, O melhor é comer um bocado De pão-de-ló de Margaride! E assim foi, e assim se fez, De uma forma tão natural. P´ la fama que lhe deu o francês Em cada Páscoa há festival. Foi-se o Maneta, que era demónio, E ficou pra sempre, tradicional, O maior doce-património Que tem marca de Portugal. Nos dias de hoje ainda se diz Do pão-de-ló – e não é treta – Quem o come, desabafa feliz: - E vai todo para o Maneta! Frassino Machado In AS MINHAS ANDANÇAS
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 19/04/2019
Alterado em 19/04/2021 |