LENDAS POÉTICAS DA PÁSCOA
02 - O FOLAR DA PÁSCOA
Numa amorosa e linda aldeia Do coração de Portugal Sempre se contou esta lenda Tão terna como natural. Mariana, alva flor do prado, Das jovens locais a mais bela, Tinha por hábito apaixonado Passar os seus dias à janela. Nas primeiras horas matinais Costumava ver um camponês Sempre alegre como os pardais. - Quem sabe? Será ele? Talvez… Pelas horas quentes da tarde Muito elegante, a cavalgar… - Oh, quem sabe aquele, quem sabe? E o tempo a passar, a passar… Um, pela aparência, era pobre Aparentando ser generoso, O outro, sem favor, era nobre Mas… parecia presunçoso. À sua Santa foi rezar Que lhe aclarasse o problema E lhe fizesse deslindar Todo este difícil dilema. - Ó minha santa Catarina, Catarina de Alexandria, Resolve lá a minha sina E esta pobre alma alumia. O aldeão tinha nome de Amaro E o rico tinha nome de André; Ao primeiro, vê-lo era raro, O outro, ninguém sabe quem é… Aqueles dois, vendo Mariana, Logo por ela, se apaixonaram; E em semana atrás de semana, Chamar a atenção se esforçaram. Amaro acenava-lhe com flores E André, com bonitos sorrisos… Como ficariam seus amores, Por estes gestos tão indecisos? Travaram-se os dois de razão E, pra explicar os seus reclamos, Exigiram-lhe cabal decisão Até ao Domingo de Ramos. Mariana rezou à Santa, de novo, Que clara luz lhe assinalasse Pois que era filha do povo E não tinha quem a ajudasse. Porque não era fácil de ver: - Parecia feliz aquele Amaro… Mas o André? Era rico de morrer!... Minha Santa, a qual me declaro? Chegou, porém, o dia fatal, Domingo de Ramos à porta, - Ó minha rica Santa… qual? Tenho minha alma quase morta! P´ la rua passa uma vizinha Chamando por ela bem forte: (Pensou logo: - Oh, coitadinha!) - Mariana! Estão em luta de morte! Mariana, todo povo arrastou E foram-se ao local a correr, Porque toda ela se amedrontou Temendo que poderiam morrer. Separaram, um e outro, da luta E foram cada um pra seu lado… E os dois juraram, por disputa, Fazer da terra o melhor Bolo. Aquele Bolo, por tradição, Feito de ovos, farinha e flor, Era apurado com fina mão E, em toda a aldeia, era primor. No Dia de Páscoa, Mariana Foi à bela igreja da terra Pôr flores no altar da Santa Para acabar co´ aquela guerra. Cada um dos moços chegou – O Amaro em primeiro lugar – E Mariana ao vê-los chorou Por ver tanto amor a brilhar. Ela olhou para um e para outro, Os bolos eram mesmo iguais: - Minha Santa, que faço agora? São bonitos! Fico com os dois! E ali os três se abraçaram E prometeram viver em paz. Comeram juntos e cantaram Pelos milagres que o Bolo faz. Mariana olhou pra Catarina Esta deu-lhe um sorriso claro. Co´ a sua alma diamantina Decidiu de vez por Amaro. Sonharam, logo ali, viver Confiantes e felizes no lar E o belo Bolo passou a ter O nome eterno de FO-LAR! Frassino Machado In AS MINHAS ANDANÇAS
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 15/04/2019
Alterado em 15/04/2019 |