A ALEGRE GLICÍNIA
“Parafraseando o poeta Abel Cunha”
Pelas saudades da terra Agitam-se os sentimentos Naquele arfar qu´ encerra Todos os encantamentos. Um piano dentro da sala Numa distância infinda Anda perdido, não fala E parece que toca ainda… “Um canto que soa triste” Na busca de uma memória É uma elegia que resiste Cimentada pela história. Toca piano, toca bem Toca sempre uma balada Da saudade de alguém Que partiu de madrugada… E uma glicínia florida Co´ aroma de primavera Sentiu-se envaidecida Alegre por ser quem era. Ao ouvir tocar piano, Sentindo-se cinderela, Pensou de coração ufano “Que seriam as mãos dela.” Era Gaveau o piano, Ali fiz aprendizagem, Batia nele todo o ano Numa teimosa viagem. Por vestir leve farpela Chegando quase a suar Aquela mesma janela Abria de par em par. Com vizinha tão feliz E alegre com toda a gente, Qualquer terra deste país Ficaria assim contente. O relógio de sala altivo, Embalado pelo sonho, Com o piano, ao desafio, Batia as horas, risonho. Ao som do canto moreno, Entre o relógio e o piano, Voga meu sonho sereno Num vazio soberano… Abraçada na janela Exultava a trepadeira Felizarda, toda ela, Por morar ali na Beira. Frassino Machado In TROVAS DO QUOTIDIANO
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 08/04/2019
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