A PARÁBOLA DAS PEDRAS
“Poema para Carlos Bondoso”
Não há ninhos, nem passarinhos, Apenas covis e passarões, Caíram pedras com espinhos E sangraram as emoções. Pelo arvoredo da floresta Ou pelas bermas dos caminhos Calaram-se os cantos da festa Não há ninhos, nem passarinhos. Por toda esta selva mundana Sem valores nem motivações Entre pobreza franciscana Apenas covis e passarões. Já ninguém liga aos poetas Que revelam seus desalinhos Sobre eles e suas vendetas Caíram pedras com espinhos. Faltam pedras, faltam pedreiros, Faltam ninhos e intenções, Ficou o fel entre os obreiros E sangraram as emoções. Quem poeta se considerar, Embora co´ a tarefa em vão, Deve o seu estro empenhar Numa balada de emoção. Fazer versos e partir pedra É um justificável sentido Sem isso a poesia não medra Ficando o poeta inibido. Atire-se a primeira pedra Se as pedras estiverem à mão, Quem vai à guerra dá e leva E não importa a precisão. Mas não se embandeire em arco Com a aura da presunção Todas as pedradas no charco São badaladas d´ atenção. É em nome da liberdade Que a poesia tem cabimento Palavras são pedras de verdade Que iluminam e são fermento. Frassino Machado In RODA-VIVA POESIA
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 22/03/2019
Alterado em 22/03/2019 |