ODE AOS DETRACTORES
“Em desagravo de Jorge de Sena”
Eis a infeliz diatribe dos seus detractores Transformados, por ironia, em delatores: ("Teve inimigos, como tanta gente que demasiado se expõe, mas o seu péssimo estômago nunca digeriu. E foi até ao Pacífico arejar. Tocou muitos burros ao mesmo tempo, o que não abona em virtude: traduções, prefácios, ensaios vários, teatro, prosa... Tudo! Retenha-se o romance Sinais de Fogo. Rancor, mau-viver, arrogância, isto acabará por ser-lhe perdoado neste reino de estupidez;”), da famigerada Antologia SIÃO, 1987 Jorge de Sena, o mais carismático De entre todos os lusos intelectuais… Quer seja como teórico, ou como prático, Vencê-lo frontalmente ninguém ousou jamais! Como escritor de uma escrita talentosa Fez a poesia revelar-se naquela aurora De bruxuleante luz com chama deleitosa Em preclaro carisma por dentro e por fora! Não é discurso de um “reino de estupidez”, Nem goza da “Sião” a estulta irrelevância, Por argumentos falsos de vil desfaçatez E, mais que tudo, presunçosa ignorância. Oh, os Sinais de Fogo, o que foram dizer! Romance maquiavélico, na sua ideia… A talhe de foice já tinham a barba a arder E, entre os cardeais fazendo a lauta ceia. Se um só Jorge de Sena incomoda muita gente… Dois ou três incomodariam muito mais… A sua obra é muito, mas muito eloquente E dela o seu “primeiro milho” é prós pardais… Se tocou demasiados burros ao mesmo tempo E, quem sabe, se deu à nora fartamente, Quer se goste ou não do seniano tratamento Que enfiem o barrete na sua louca mente. Tais mentores enfermam de alma abjecta, De corroídas máscaras com fel e serradura, Com o seu tino vagueando p´ los loca infecta Quais míseros cavaleiros da triste figura. E falar em “perdão conceptual” hipócrita Esquecendo o testemunho seniano honrado Está vazia e nua a verruguenta crítica Como diz La Palisse em feliz articulado: Oh, todos os cães ladram e a caravana passa E por discreta ironia de um destino vão Bebem da água benta, presunção & graça Ou não se chame de tal nome esta SIÃO… - Sobre os teus muros chorarás, ó “Sião”, Que a tua voz, no silêncio, já não soa, não! Frassino Machado In RODA-VIVA POESIA
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 15/02/2019
Alterado em 15/02/2019 |