SONETO AGRILHOADO
«Dolente angústia»
Maria João – distinta artífice de Sonetos – Sonetos retalhados, mas sempre burilados, Em fresca tela e formalmente acomodados Como mandam as normas e os banais decretos. Mas – o tempora, o mores! – Seus cuidados rectos Dão à poetisa eternos dias amargurados Por sentir seus Sonetos muito agrilhoados Despidos de emoção e carentes de afectos… A alma da artista, tão presa à rocha dura, Tão dolente d´ angústia por não ter saída, Iguala o seu tormento ao de Prometeu… Que viu o seu Destino revelar-se agrura, Ficando desterrado por toda a sua vida E acorrentado à dura rocha sob o Céu. Sonetos e sonetos, tão sós e tão discretos, Não, ó poetisa, rasga esse trágico véu, Pois há mais Poemas para lá dos teus Sonetos. E se, Maria João, vires ao largo um deserto Roga ao divino Apolo um outro fogaréu Que te ilumine o estro para um rumo certo! Frassino Machado In RODA-VIVA POESIA
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 09/01/2019
Alterado em 10/01/2019 |