TAMBÉM ESTIVE LÁ
“Estou, como morto, no deserto
E a voz de Deus por mim clama: Ergue-te, ouve e vê, profeta, Da minha vontade te tomes, Mares e terras percorre, queime Teu verbo o coração dos homens.” Alexander Pushkin, O Profeta Lembro-me como se fosse agora Também estive lá, em Moscovo, No tempo da outra senhora Em busca de um mundo novo. Eu, filho adoptivo do povo, Exilado cá dentro, lá fora, Revestido de um novo folgo Fiz grande questão d´ ir embora. Mas não fui, fiquei preso ao lar Minha liberdade e emoção, Podendo escrever, ler e cantar E dar larga à imaginação. Também estive lá, em Novgorod, Cidade magia com história, Onde em veraneio se pode Recrear fantasia notória. Vi lá gente feliz com lágrimas Como em meu país, tal e qual, À semelhança dos estigmas Da vida por bem ou por mal. Também estive lá, em Borodino Utópico sangue de poetas, Desfraldei bandeiras e hino E almas por dentro repletas. Mil novecentos e setenta e três, Naquele verão incruento… Sem esperança d´ ir lá outra vez Chamado pelo sentimento. Em Gorki, também estive lá, Terra-mater da revolução, Guerra e paz mas sem alvará Sempre pronta a dizer não. E no teatro daquele Agosto, No coração da capital, Bolshoi co´ a brisa no rosto Entoou de Pushkin recital. Mal sei o que lá fui fazer, Apenas eu sei por virtude Que pus os meus pés a correr Pra dar provimento à saúde. Também estive lá, na Academia De torres erguidas ao céu, Ali convivi co´ a franquia Dos dias que o tempo me deu. Em tardes festivas nos bosques Passeei e ouvi balalaikas, Admirei pintores de quiosques Em telas com vivas mosaicas. E nas cúpulas altaneiras Com seus coloridos vitrais Descobri estranhas maneiras Como rezar nas catedrais. “Noites de Moscovo”, cantadas Com bailados de nostalgia, Memórias na alma cravadas Dando lugar à Poesia! Frassino Machado In NOVO MONTE ALVERNE
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 12/06/2018
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