O SABER DO SILÊNCIO
«Ao professor Paulo Borges»
Há estranho horizonte imenso Entre o que é e o que não é, Em qualquer coisa que penso Porque me fala, é porque é. Eu sinto, laboro e existo, À volta de mim há um vazio, Quanto mais olho, mais insisto, Na água que sou de algum rio. Venho de origem distante E procuro a minha foz Sinto, porém, a cada instante Dentro de mim uma voz. Colina acima, colina abaixo, Pedra aqui, pedra acolá, Mais m´ encontro, porque acho Que oiço cantar um sabiá. Não sei o que há fora de mim E até em mim às vezes não sei, Há apenas cor de carmesim Neste silêncio qu´ é de lei. Natura e contra-natura É uma alma que tudo tem Há um devir de criatura Que d´ algum lado me vem. Não sei se é ou não ciência Só sei que m´ é admirável, É um saber de consciência Que se torna identificável. O tempo cresce comigo Não sei se chega ou se sobra Sei apenas que consigo Ir criando a minha obra. Na vida eu vou de viagem Em longa ou curta distância Levo comigo a roupagem De um saber de ignorância. Eu sou aquilo que sou, Às vezes mistério medonho, Mas, no espaço em que estou, Mora também o meu sonho! Frassino Machado In ODISSEIA DA ALMA
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 10/05/2018
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