A JUSTIÇA PARIU UM RATO
“Em tempos de Vacinação”
Em nome da Santa Impunidade, Revestida de um brioso tracto Com trejeitos de honestidade, Esta Justiça pariu um rato. A Justiça é uma enorme montanha Em que toda a lei busca a verdade Mas, não a tendo, logo se entranha Em nome da Santa Impunidade. Fala-se às vezes em corrupção, Em cada embrulhada o seu novato, E há, a muito custo, justificação Revestida de um brioso tracto. Quer haja ou não haja pruridos Engendra-se a complexidade, Dando-se argumentos aos arguidos Com trejeitos de honestidade. Se há muitas máscaras fictícias Depende muito de cada contrato, Por meio de artes sub-reptícias Esta Justiça pariu um rato. E se entre a verdade e a mentira Há sempre dois pratos de balança Quem diz se o fiel põe ou tira É, tão só, quem já o não alcança… Carregam-se, pois, as baterias De desentranhada espectativa, Porque não há quem dê garantias Anda a própria moral à deriva. Bem co´ a Justiça por amor da lei, Mal com a lei, por amor da Justiça; Se o povo acredita em toda a grei Ela acabará por lhe ser submissa. Há procuradores e há juízes, Há advogados e desembargadores, (E se houvesse mais aprendizes Não haveria tantos corruptores…). Diz a Justiça, em acto de contrição, “Como nos é penoso administrar A grande tarefa da nossa missão: Novos estatutos têm de nos dar!” (Diria, à Brecht, a quem de direito: S´ esta Justiça tem coisas más Dizei ao trigo, sem nenhum despeito, “Sem Justiça, pra baixo crescerás!”) Ai, ó ratos, para que vos quero? Tão só, porque em leis passageiras, Não há «sistema legal» sincero Que nos proteja das ratoeiras. Que venha já a Vacinação, A quem devemos prestar preito, E acabe-se de vez co´ a ficção Para que haja moral e respeito! Frassino Machado In ODIRONIAS
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 04/02/2018
Alterado em 04/02/2021 |