AS CABRAS SAPADORAS
“A farsa do pinhal”
Espantadas estão as cabras Por este triste sacrilégio De terem que pagar as favas Do histórico pinhal régio. Dizem que no pinhal do rei, Por entre sortes macabras, Estando a ser violada a lei Espantadas estão as cabras. Se soubesse o rei Lavrador Que lá já não há sortilégio Tomar-se-ia de grão furor Por este triste sacrilégio. O fogo de estranha origem, Com ou sem abracadabras, Põe nas cabras a vertigem De terem que pagar as favas. Foi muito estranha tal ideia, Com este projecto egrégio, Quem sabe, dalguma alcateia Do histórico pinhal régio. Ó, coitados dos animais, Assim tão desamparados Com estes mandatos fatais Ficarão bem estorricados. Estas “cabras sapadoras” Assumirão um sacrifício De trabalhar horas e horas Pra não haver desperdício. Tais empregos são bacanos, Até dá gosto trabalhar, Se os houver todos os anos Há economia pra durar. O pior é os outros rebanhos Que não poderão crescer Depois das cabras, os anhos Mais que muitos vai haver. Pinhais, sempre os haverá, E não faltará a madeira Só caravela é que não há Nem almirante que a queira. - Filhos dos homens, que quereis? Não vale a pena os lamentos, Muito mais que isto tereis: Novas artes, novos tormentos… Trovas e cantares de amigo Plantai farsas e dançai As cabras trarão o trigo E vós, outros, despertai! Frassino Machado In ODIRONIAS
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 23/01/2018
Alterado em 23/01/2018 |