Tem-se falado tanto da grande mudança
Que é preciso fazer neste “mundo” que temos
E parece que nada de novo nós vemos
Que consiga fazer alterar esta esperança.

É dança que ciranda nos factos que lemos,
Escondida que está na inócua tardança;
Em tudo o que se passa sem qu´ haja fiança
Acontece, porém, o que jamais nunca vemos.  

Palavras ditas ao vento, mas fechadas à vida,
Por não haver a garantia de um pensamento;
Palavras mascaradas, sem nenhum condimento
E destemperadas em caminhada perdida.

Não há mudança assim, nem grande nem pequena,
Porque se desconhece a fonte e a direcção;
Porque é despida de crença e de convicção
E se esquece, afinal, que toda a alma é serena…

E é ali que está, condenada em eterno degredo
A genuína mudança travada em segredo:
Por falta de perspectiva, por falta de critério,
Não há mudança, não, e esse é qu´ é o mistério…

(Se entre a mente e a alma houver uma aliança
Acreditemos: todo o mundo é passível de mudança!)

Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA