SENHORA DO ESPANTO
“Do Verão contrito 2017”
Ó Senhora do Espanto deste Verão contrito, Arrastado por fúrias e turbilhões de fogo, Por planaltos e encostas e lusas serranias Com angustiadas vidas de sufocado grito… Não, não se trata de um arrepiante jogo Entre forças telúricas e ondas de ventanias… Ó Senhora do Espanto, deste gato escondido Com sua cauda a descoberto em todo o lado, Por negros horizontes e vistas esbugalhadas Mascarando um contexto sempre desmedido… Não, não se trata de um vil e tenebroso fado Entre esquadras malignas e marés aladas… Embustes, fogos e sinistros vendavais Que varreram e varrem tudo de lés-a-lés Neste louco devir que tem tudo para haver… Vem, agora, este hipócrita Verão carpir Que não quer, não… já não quer castigar mais As gentes, as culturas, as árvores e animais Mas só lembrar que poderão vir outras marés E, quiçá, outros mareantes de estarrecer Com máscaras fingidas prontas a ressurgir… E, desta feita, ó Senhora do Espanto, que vês? Intempéries, coriscos, raios, chuveiradas, Mil ventanias, inundações e enxurradas, Tanto nas cidades como nas vilas e aldeias Baloiçando, em desprego, entre freguês e freguês! Ó Senhora do Espanto, que mais irá a acontecer – Esperemos, todavia, que ninguém ouse importar Maléficas e exóticas ocorrências alheias Que façam muito mais este fenómeno alastrar Num tão escaqueirado Verão para esquecer? Frassino Machado In ODIRONIAS
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 29/08/2017
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