A HIPOCRISIA ASSASSINA
“A tragédia da Madeira”
A Festa decorria de vento-em-popa E a bênção da Senhora era espectável Num manto de berloques em toda a roupa, E só não via claro a gente louca Um drama que se previa abominável. Em menos de um fósforo a árvore caiu, Caiu porque era mesmo de cair, E o sangue dos inocentes se esvaiu Perante a hipocrisia que sumiu Co´ a alma dos maiorais a denegrir. - A árvore para nós é muito estranha E nem sequer sabíamos da sua avença: Se alguém morreu é tragédia tamanha, O azar é mesmo assim, tem muita manha Todavia ela não é nossa pertença… - A árvore não estava a ser referenciada Pelos nossos serviços camarários, E ademais ela é propriedade privada, Da sua manutenção não nos cabe nada Façam-se pois os trâmites ordinários… - A Festa é tradição, é fé e é graça E contribuindo para a nossa economia Não podemos assumir o que se passa: A segurança pública é uma desgraça Portanto, que s´ entenda co´ a autarquia. - Temos pelo nosso lado a velha grei O espaço onde se encontra o vil carvalho Nem sequer está coberto pela lei E, em vez de se clamar o aqui-del-rei, Terá qu´ alguém assumir o seu trabalho… Mais do que uma hipocrisia assassina É tão só uma moral bem pobretana Que varre toda a culpa e é libertina: Bem prega frei Tomás a lei divina Mas não se olhe sua atitude humana. Conclui-se: o pior desta situação – E isso é um fenómeno d´ espantar – Ninguém sabe quem é o dono, não, E assim por culpa ou triste aberração A Árvore vai ter mesmo que pagar! Frassino Machado In ODIRONIAS
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 19/08/2017
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