«Nos oitocentos anos dos franciscanos em Portugal»

Ser franciscano é ser irmão
E é ser humilde como convém,
É saber a todos dar a mão
Sentindo o amor no coração
E um desejo de paz e bem!

Ser franciscano é criar alento
Pra estar presente a toda a hora
E saber ler os sinais do tempo,
Sentir-se irmanado neste evento
De oito séculos p´ la história fora.  

É abrir os olhos para o mundo
E descobrir que a Natureza
Toda ela é um bem jucundo
Que merece abraço profundo
Em seu valor e singeleza.  

É abraçar a todos os viventes
Conduzindo-os com alegria
Caminhando em todas as frentes
No ajuste do corpo e das mentes
Com a Criação em harmonia.

É cantar à luz do irmão-sol
A beleza das flores e das aves,
Na penumbra ou no arrebol
Como a cotovia e o rouxinol
Nas suas melodias suaves.

É partilhar e é conviver
Com os pobres e desamparados
E com eles a vida refazer
Para que desse renascer
Brotem mais seres abençoados.

É cumprir um sonho de aventura
No mundo ou em comunidade
No desprendimento ou na cultura
Exaltando toda a criatura
Num elo de fraternidade.

É seguir os passos de Francisco
Na abnegação e solicitude
E é lutar sem temer o risco
Elevando-se como obelisco
Em espelho de vida e de virtude.

Ser franciscano é ser guarida
Da imagem dos Santos de Marrocos
Como fez António em sua vida,
Em missão ousada e repartida
Na aura perene d´ outros focos.

Ser franciscano verdadeiro
É ter coragem e intuição
De unir o lobo e o cordeiro,
Sendo luz para o mundo inteiro
Num rumo de paz e redenção.

Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA