FONTE CATIVA
«À Alma da Beira»
Água da fonte cativa Em tanque de água pura Dureza granítica viva De uma tão rara frescura. Curso de água corrente Vindo da serra distante És o tempero da gente Na sede de cada instante. Neste Verão clamoroso Todos anseiam por bem Teu paladar tão gostoso Que a alma viva mantém. Por ti reclama a verdura, Sementes qu´ hão-de nascer, Beijas com toda a ternura Os frutos do amadurecer. Água da fonte cativa Que vens de longínqua mina Não andes por aí à deriva Pois perdes a nossa estima. É tão bela a liberdade Que a mãe-natureza te deu, Não percas a qualidade Que tem a origem no céu. E s´ alguém tiver a ousadia De te mudar o cruzeiro Grita em revolta sadia Que não queres o cativeiro. E s´ alguém por estultice Desafiar a tua sanha Não ligues à pirosice E volta pra tua montanha. Há muitas fontes n´ aldeia E por aí, de rua em rua, Mas ninguém tem com´ ideia Qu´ há melhor água que a tua. Discreta é a tua morada, Bosque de fetos teu ninho, Chegas em menos-de-nada A este palco limpinho… Mil vezes eu te abracei Fazendo de ti a banheira E até contigo sonhei Ao subir, suando, a ladeira. Corre sempre, água clara, Tu és saudade e charneira E, em riqueza límpida e rara, És a eterna alma da Beira. Água da fonte cativa, Melodia de belo canto, Volta a ser livre e activa Para nosso prazer e encanto! Frassino Machado In CANÇÃO DA TERRA E DO MEU PAÍS
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 28/07/2017
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