“Peripécia da galinha preta”


Era uma vez no Dragão,
Onde “futebol” já foi rei,
Em maré de frustração
Perante o espanto da grei
A bola virou em capão.

Por entre tantos azares
O capão deu em galinha,
Espantaram-se os olhares
E o funesto se adivinha
Contratempo para os pares.

O Dragão depressa agiu,
A galinha da vaidade,
Que da capoeira fugiu,
Logrou notoriedade
E assim se divertiu.

“Cada um para seu posto
Com energia e com esmero
E, sem haver contragosto,
Jogando bem com tempero
Para bom senso e bom gosto.”

O tempo depressa passou
Afinal, perdido o medo
Que na fonte se esgotou,
Espantou-se de arremedo
O galo que logo voou.

Como tudo acaba em ócio
Na questão deste Dragão
Pra acabar co´ o divórcio
Entre a galinha e o capão
Faça-se em Janeiro negócio.

Assim, feitos os protocolos
Neste convénio de vida,
Voltarão em breve os golos
Ficará feliz a torcida
E nunca rirão os tolos…

No futebol, como em tudo,
Galinha preta é quimera
E borrego, sobretudo
Nem pensar estar à espera
De um famigerado entrudo!

Frassino Machado
In ODIRONIAS