CANÇÃO DO GAIO
Ó gaio, ó verde-gaio,
Ó gaio da minha aldeia Se não vens, daqui não saio Desde a aurora até à ceia. Ouvi um gaio a cantar No meio de um giestal Bati palmas pra assustar Mas ele não dava sinal. Voou pra um carvalhal Com asas de azul galante Buscava a bolota real E eu por ali delirante. Naquele Outono despido Quase sem folhas nenhumas Olhei-o, na toca escondido, Em ninho feito de plumas. Pensei que ele era bronco Sem nada para fazer Mas vi-o naquele tronco Muitas bolotas esconder. E eu concluí para mim, Com esta discreta lição, Plantarei no meu jardim Uma árvore de estimação. Teria bugalhas à farta Para ele se alimentar Faria barquitos de prata Pra´ s bolotas transportar. Trouxe o carvalho do monte Que ia secando por um triz Reguei-o com água da fonte Desde a rama até à raiz. Mas o gaio e mais a gaia Ninguém os via surgir, Plantei então uma faia Com ideia de os atrair. Não vieram naquele ano Que a árvore pouco crescera Mas o gaio, qual soprano, Ouvi-o nesta primavera. Toda a natureza está bela E aquele gaio, verde-gaio, Estou a vê-lo da janela Chegará no mês de Maio. Ó gaio, ó verde-gaio, Ó gaio da minha aldeia Se não vens, daqui não saio Desde a aurora até à ceia! Frassino Machado In CANÇÃO DA TERRA E DO MEU PAÍS
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 13/10/2016
Alterado em 18/10/2016 |