E TUDO O MANETA LEVOU
“A revolta de Vizela”
Velhos tempos da abundância Naquelas terras do norte Até dava para a ganância Da bela vida e da sorte. No presente não há semelhança Mas apenas coincidência E até sobra para a folgança E limpeza da consciência. Mas há quem lembre o ditado Do “vai tudo pro Maneta” Fica pois o caldo entornado E o pobre povo sem cheta. Vieram por cá os franceses No tempo do Napoleão Deram cabo dos fregueses De toda esta região. Nos campos foi roubalheira E não escapou a fabriqueta E até o que havia na algibeira Caiu nas garras do Maneta. Muita gente foi desfolhada No pão que o diabo amassou Agora, sem mais nem por nada, Tudo o Maneta levou. “E que ele as mãos não esfregue Julgando que este país é seu: Será do demo que o carregue E também de quem lho deu.” Tal foi a raiva e o chinfrim Que até a garota Marieta Do alto do seu varandim Lançou o penico ao Maneta. Vingou-se Moreira de Sá Quando chegaram os Bretões Surrou o Maneta co´ a pá Pra algazarra dos foliões. Gritavam todos ao molho: “Ó Loison, come e dança Mas põe a cabeça de molho Já que não tornas a França.” Pegaram-no p´ lo cu-das-calças E foram-se à ponte romana Mas ficou preso das alças Por cima da caravana E assim escapou o Maneta Não voltando a fazer guerra Com os seus pôs-se na alheta Para sossego da terra! Frassino Machado In CANÇÃO DA TERRA
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 09/10/2016
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