TROVAS DE UM LANCHE AJANTARADO
“Recinto de festas do Baraçal”
Nem tudo o que luz é festa Na convivência dos povos Todavia nos tempos novos Simples aldeia o manifesta. É comum no Baraçal, Em saudável coexistência, Partilhar a convivência Com uma ceia tradicional. Juntar o útil ao agradável Eis o lema colectivo Num espírito bem vivo Que todos acham louvável. Ao fim da tarde estival Meia aldeia a “caminhar” Outra meia a confeccionar Um repasto bem frugal. A simpática autarquia Toma isso a seu encargo Em pleno recinto largo Dispensando a cortesia. Vai a Caminhada chegando Cansada mas satisfeita E já o stafe as mãos deita Às sardinhas que vão assando. Dentro de um cariz popular Ouve-se música ambiente Um tudo ou quanto diferente Daquela que é pra dançar. Brinca alegre a pequenada, Os adultos trocam conversas De experiências diversas Da vida que é uma massada. Há cavalheiros observando À volta da grelhadeira Outros passando a dedeira Nas cartas que estão jogando. Cheira bem, cheira a sardinhas, Cheira bem, cheira a bifanas, Põe-se a fome de pantanas Com as ditas, bem grelhadinhas. Está por ali todo o mundo Com um apetite enorme Sardinhas há quem não come Pensando nas febras a fundo. Sardinhas, mas só com pão, Bem regadas com Silgueiros Escolhem bem os primeiros Os outros encolhem a mão. Dizem que há para todos, Não vale a pena brigar, Estão muitas mais a assar E virão as febras a rodos. Até a estranha canzoada Sabendo os donos por perto Andam de olho desperto No cheiro da sardinhada. Vem agora a entremeada E é um ver se te havias Vai chorando o Jeremias Passado pela pequenada. Há febras e há costelas, Bem passadas pela grelha, E a ganância revelha Deixa a velhada às farpelas. Que é pouco há quem ache, Podia ser muito pior, Mas ainda falta o melhor O caldo verde da praxe. Vejam lá, que caldo de estalo, Que sabe bem a matar E há Silgueiros pro regar Isso sim, é que é regalo … Comam todos à vontade Mas ainda há sobremesa E doces que são uma beleza Pela sua especialidade. Há melão e há melancia E até tortas de chocolate E há sumos de abacate Que parecem de malvasia. E a música continua Está ficando fora de horas Para avós, sogros e noras, Há que pôr os pés à rua. Bem hajam os anfitriões Deste excelente convívio Pôr tudo na ordem é um alívio - Vão de retros, comilões! Ainda ficam umas coisinhas Pro Staff do Baraçal Que mostrou ser cordial Mas suou as estopinhas … - Pro ano, oxalá aqui estejais, Já o dizem os promotores, Com trocados fazem-se flores Numa Festa a chorar por mais! Frassino Machado In CANÇÃO DA TERRA
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 15/08/2016
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