O VIÇO DA LIBERDADE
– Ou O sonho de Abril –
“Dedicada a Conceição Oliveira” Em fresca noite de primavera eu sonhei Que estava passeando pelo meu jardim E contemplava aquelas flores que plantei Há muitos anos, por iniciativa de mim. Sim, fui eu que as plantei com luvas de cetim E agora neste meu sonho apenas recordei Aquela árvore gigante do meio do jardim Florida e perfumada que um dia reguei. No meio de canteiros muito variados Lá estava sempre a árvore, altaneira e viril, Folhas verdes e largas e frutos doirados Que, por ser primavera, lhe chamei Abril. Ali, debaixo daquela sombra, fiz poemas, Os meus primeiros poemas que alguém negou, Porque o jardim não era lugar pra dilemas Mas era sonho … e aquela noite terminou. (Sem garra, sem persistência – cravos não se viam – Naquele jardim, com flores de franca qualidade, Deixaram morrer os cravos que ali cresciam Porque a sombra da árvore lhes matou a liberdade.) Agora há cravos… mas pouca água para regar E a árvore, que poucos frutos tem para colher, Pede mais água aos poetas, num fiel versejar De pura LIBERDADE, com viço para crescer! Frassino Machado In JANELAS DA ALMA
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 19/04/2016
|