O RUSSO E A PISCA EM NESPEREIRA
“Na Feira de Raul Brandão”
Páginas que a estória risca Voando ao toque do sino Saímos o Russo e a Pisca Deste Portugal Pequenino. Puxamos pela memória E soubemos que ali à beira Estava uma terra notória Com nome de Nespereira. Já não é o que era antes, Quando saímos de cá, E agora como viajantes Reparamos como está. Muitas décadas passaram Para as bandas da capital Por cá as coisas mudaram, O que achamos natural. Há mais casas, há mais gente, E outra forma de pensar E, quem sabe, certamente, Há muito pra transformar. Onde está a nossa escola Entre os verdes milheirais E os meninos jogando bola Por entre ninhos de pardais? Onde estão nossas ribeiras Com margens esverdeadas E as alegres brincadeiras Pelas bermas das estradas? Onde estão os casarios Com acolhedores beirais Com veredas feitas rios D´ invernos que não há mais? Mas há além uma autovia, Que é imagem de progresso, E que apenas propicia Ser mais fácil o regresso. E lá está o que se deseja, De lés-a-lés empedrado, O largo adro da igreja De barracas engalanado. Dizem que vai haver Feira, Ó que bela novidade, Sempre será uma maneira De haver gente em quantidade. Não é uma feira qualquer Daquelas que é tradição Mas, quem havia de dizer, “Do tempo de Raul Brandão”. Dizem que foi um escritor Que a nós os dois inventou Humildes, mas com valor, E tão famoso se tornou. Portugal é pequenino Mas esta terra grandiosa Lutando pelo seu destino Tornar-se-á valorosa. Toda a vida é muito dura, Nós os dois bem o sabemos, Mas este modo de cultura É o património que temos. Com Feiras ou com arraiais, Com festas ou com romarias, Não admira que os pardais Venham de todas as freguesias. Frassino Machado In CANÇÃO DA TERRA
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 02/03/2016
|