“A grande gafe”

É um contexto antinatural
Aquele em que todos vivemos
Cada fenómeno é surreal
Mesmo quando o compreendemos…

Nas vertentes existenciais
Que ao preço da fama compete
Vê-se cada dia por demais
Gafe e mais gafe que se repete.

Há dias todo o mundo viu
Num concurso conjuntural
Prémio dado, que logo fugiu,
De Miss “beleza universal”.

Toda a fama merece um preito
E, mais que preito, admiração
Mas não se lhe negue o respeito
E, mais que tudo, consideração.

O corpo humano é um ser singelo
No seu todo e no seu primor
Mas no que concerne ao “ser belo”
É mais sublime o seu valor.

Sejam Colombianas ou Filipinas,
Sejam mais claras ou morenas,
Não há distinções cristalinas
E todas as gafes são obscenas.

Feita a sentença meritória,
E imposta a coroa da Fama
Como é possível ser notória
Tal malfeitoria fantasma?

O preço da Fama é assim mesmo,
Nesta vivência mercantil,
A Beleza dá dinheiro a esmo
Tornando o ser humano servil.

A máscara da fama é uma farsa
Para lá dela está o negócio
E nem a dignidade disfarça
O que devia ser sacerdócio!

Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA