O NATAL PARÓDIA
Se o que era antes fosse agora
O que diria o nosso Bordalo Da Natalícia tradição? Fugiriam p´ la porta fora Antes que houvesse um entalo De previsível congestão. A começar por São Bento, Moram lá comensais fartos Co´ a carteira recheada… Não falta bom condimento Com os mais variados pratos De comida aprimorada. Para as bandas de Belém Sem nenhuma parcimónia Há boa lagosta e caviar… - Qual Menino que lá vem? Não façamos cerimónia Que o tempo está-se a acabar… Dizem que não há quartéis, Debaixo do céu azul Muita parra, pouca uva, Abundam chefes e coronéis No país, de norte a sul, Com ceias de branca luva. Pr´ os banqueiros há natal Com os cofres recheados Que até dá pr´ animação, A fartura não faz mal Com sonhos adocicados Pedindo repetição. Digníssimas Instituições, D´ antes quebrar que torcer De estatutos sociais, Servem-se graduações, Comendas de enternecer, E aletria de chorar por mais. Em fábricas e oficinas Nunca faltam boas-festas Com patrões de braço dado, Há pão-de-ló e serpentinas Com ideias manifestas De não mexer no ordenado. Nas igrejas e capelas Água-benta nunca falta De mãos-largas ´stá o prior, Com broinhas ou sem elas Foguetes pr´ ver a malta A dar esmolas pr´ o Senhor. Pr´ às famílias cá da terra Rabanadas e mexidos, Coscorões a dar co´ um pau, Bom apetite está na berra Há couves “à tempos-idos” Com batatas e bacalhau. Rafael Bordalo Pinheiro Era mesmo um camarada Com um apurado bom gosto Servia-se do galinheiro Buscando na madrugada Peru morto, galo posto. Frassino Machado In CANÇÃO DA TERRA
FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 15/12/2015
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