Por Frassino Machado

Chegou o dia e a hora certa deste Evento anunciado, desde há muito. O Centro Cultural Franciscano disponibilizou um dos seus espaços para este projecto de realização editorial, no âmbito da arte poético-literária. Sala ampla, acolhedora e de aspecto dominantemente familiar.
Ao seu prestigiado director Dr. João Duarte Lourenço - que se empenha frequentemente nestas iniciativas – e que fez questão em marcar presença e em partilhar connosco algumas ideias sobre a ocorrência em causa – se deve em grande parte a concretização deste Evento. Desde já para ele o nosso sincero bem-haja.  
LIRA BEM TEMPERADA é seguramente – temos essa convicção – uma edição literária e poética oportuna e carismática, sob o ponto de vista artístico, não só pelo que está escrito nela mas, essencialmente, porque constitui em si mesma uma significativa mensagem formal sui generis.
Partindo do pressuposto de que se trata de uma obra poética polémica revela-se nela, como pertinente, uma intenção que lhe está adjacente: ser uma “pedrada no charco” no contexto contemporâneo da Poesia, no que concerne ao nosso país.
O autor, no seu Prólogo, assim o pretende demonstrar tentando colocar em relevo alguns dos aspectos sintomáticos de que enferma a nossa Poesia – numa doentia diáspora no que se refere à sua identidade – arquitectando, numa tese elaborada mas ousada, um desejo de que ela se venha a regenerar voltando de novo a ser a guarda avançada de uma cultura humanista da qual sempre foi apanágio.
A Editora Chiado, que lhe deu forma e estética, assim entendeu esta mensagem aprovando, no seu todo, esta obra dada agora à estampa. E foi a partir deste desiderato, segundo o parecer do digníssimo delegado ao Evento, que esta Instituição - apesar de ser ainda jovem na sua temporalidade - desde o seu início sempre tem acarinhado e incentivado a arte poética, na pessoa dos seus autores.
À ilustre Editora queremos também, nesta hora, endereçar o nosso pessoal reconhecimento e os mais sinceros agradecimentos.
Na evolução dos itens do Evento coube à Dr.ª Ana Maria Resende, recém-licenciada em Assistência Social e especializada em Comunicação Social, a primeira reflexão alusiva a este lançamento, dissertando sobre o tema AS LETRAS HOJE E A POESIA EM PARTICULAR.  
Com a qualidade a que já nos habituou expôs de forma brilhante algumas ideias marcantes acerca desta temática, acentuando a tónica no valor e papel que as Letras hoje podem assumir e destacando o carisma da Poesia como essencial para tornar a cultura de hoje definitivamente humanista, qualquer que seja a forma em que ela se possa exprimir. Por outro lado, veiculou a opinião de que, apesar de todas as convenções, vulgo acordos, elas – Letras e Poesia – serão sempre as bandeiras simbólicas da Língua de um País.
Apesar de ter sido curta e sintética, como se impunha neste enquadramento, a sua intervenção de alta qualidade foi muito apreciada e aclamada.
Seguiram-se uns momentos de troca de ideias acerca do mesmo assunto em que participaram alguns dos presentes que, em resumo, fizeram sobressair de forma vincada o papel de alguns grandes nomes das Letras, a começar pelo “príncipe dos poetas”, Luís de Camões, ao qual foi feita uma significativa homenagem pela audição de uma canção que releva a sua obra poética e a sua personalidade como cidadão nacional, tendo em vista as suas referências linguísticas que, ainda hoje constituem o mais digno modelo das Letras e da Língua e constituem, no seu todo, o contrapeso cultural e humanístico frente às tendências economicistas dos tempos de hoje.
Neste mesmo contexto destacaram-se as intervenções de alguns dos presentes, como a Dr.ª Célia Cavaco, o Dr. David Marques, o Dr. João Duarte Lourenço e o próprio autor da obra em lançamento.
No corpo central do Evento, como não podia deixar de ser, emergiu a intervenção especializada do digníssimo professor da Universidade Católica Dr. Isidro Pereira Lamelas. A sua dissertação versou a análise abrangente do conteúdo poético da obra em lançamento LIRA BEM TEMPERADA.
O ilustre prelector debruçou-se pormenorizadamente sobre algumas vertentes mais significativas da Obra, chamando a atenção nomeadamente para a ampla abrangência do discurso poético nos variadíssimos horizontes sociais, políticos, económicos e culturais e, até mesmo, nos de âmbito desportivo ou de lazer. Nesta perspectiva relevou o sempre presente espírito crítico e, acima de tudo, a permanência de um pendor ético latente em grande parte dos temas poéticos tratados. Sublinhou igualmente a distinção da obra no que respeita ao valor que ela comporta em si mesma, isto é, que ela antes de ser propriamente um simples produto de mero cunho literário ou artístico, constitui fundamentalmente uma dádiva testemunhal do autor sob o ponto de vista de uma identidade humanística activa.
A qualidade da sua intervenção foi assinalada e aclamada unanimemente por todos os presentes.
Finalmente, teve lugar o terceiro momento do Evento em que a dominante artística esteve em destaque através da actuação de dois artistas de assinalável valor sob o ponto de vista poético e musical. Tratou-se das actuações da poetisa América Miranda e do poeta e músico Miguel Cadavadas. América Miranda deliciou a assistência com a qualidade das suas declamações, escolhidas a partir de textos poéticos da presente obra. Miguel Cadavadas também declamou alguns poemas e presenteou a assistência com a interpretação à viola de conhecidas canções do seu rico reportório. As prestações destes dois artistas foram de elevado nível e muito apreciadas e aclamadas por todos os ouvintes.
Terminou o Evento com o tradicional “porto de honra” e com a habitual sessão de autógrafos por parte do autor.

Notas finais. Foi para nós de enorme prazer e prestígio, poder contar na mesa de honra deste nosso Evento com pessoas tão importantes e ilustres, tais como, o Eminentíssimo senhor bispo Dom António Montes Moreira e os já referidos doutores João Duarte Lourenço e Isidro Pereira Lamelas, digníssimos professores da Universidade Católica Portuguesa – considerados por mim verdadeiros amigos de longa data – e aos quais ficarei sempre reconhecido.
Não posso esquecer de igual modo o contributo importantíssimo de algumas pessoas essenciais que muito contribuíram para a realização e sucesso deste Evento: a minha esposa Maria José; meus filhos Margarida Machado, Francisco Machado e nora Lúcia Pedrosa, sem esquecer minha pequenina neta Leonor – aos quais com muito carinho dedico esta minha Obra.
E já agora, de um modo especial, não posso esquecer o meu grande amigo frei Vitorino Costa, que contribuiu com o seu saber e mestria para a logística mais apropriada para a consecução deste projecto.  
A todos o meu sincero e carinhoso muito obrigado.  

Lisboa, 27 de Outubro de 2015


O Autor: Francisco de Assis M. Cunha / Frassino Machado