(Ou acerca da “mentalidade trivial”)

Diálogo da Filosofia da Vida

Célia Cavaco – “A Identidade? Julgo estar nos bens materiais com que depressa se habituaram, e esqueceram as dificuldades dos progenitores… porque hoje estamos numa LIBERDADE ainda que sob ameaça...”

Frassino Machado - “Eu não diria propriamente IDENTIDADE mas, sim, COISIDADE, isto é, não são os valores nem a humanização que interessam antes, pelo contrário, o que vemos é a COISIFICAÇÃO que imperando no mundo. Podemos dizer que, em termos de mentalidade vulgar, é mesmo o INTERESSE que reina por tudo o que é sítio.
Ou, como dizia o grande romancista Arnaldo Gama, quem se senta no trono da Vida é nada mais nada menos que EL-REI DINHEIRO. O que vemos, pois, à nossa volta, não passa de um «vazio de sentido».
Antes parece que se dizia "quem vê caras não vê corações", hoje deverá dizer-se «quem vê caras não vê almas».
Constata-se à evidência que mundo não há seres-humanos mas, antes, SERES DES-ALMADOS!
Quanto à Liberdade, todos a reivindicam mas, perante a projecção objectiva do Mundo, todos se atemorizam perante ela.
Quem domina teme perder o poder que usufrui, quem é dominado teme ser subvertido por ela. Acaba sempre por ser um aborto, isto é, nunca chega a revelar-se.
Concluindo, o ser que deveria ser deixa de o ser perante o TER. E é aqui que reside todo o drama do fenómeno humano.”

Assis Machado
In CAMINHOS DO PENSAR